sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Rédea curta e o intermédio de ontem


E apesar de eles saberem o quanto eu prezo a minha privacidade PRINCIPALMENTE no que concerne à questão dos sólidos, foi aqui mesmo neste local, que a minha princesa me mostrou o enunciado do teste intermédio de língua portuguesa que fez ontem.
E foi aqui mesmo que li a poesia de Eugénio de Andrade que tinha de ser interpretada no teste:

 Agora as palavras
 
Obedecem-me agora muito menos,
as palavras. A propósito
de nada resmungam, não fazem
caso do que lhes digo,
não respeitam a minha idade.
Provavelmente fartaram-se da rédea,
não me perdoam
a mão rigorosa, a indiferença
pelo fogo-de-artifício.
Eu gosto delas, nunca tive outra
paixão, e elas durante muitos anos
também gostaram de mim: dançavam
à minha roda quando as encontrava.
Com elas fazia o lume,
sustentava os meus dias, mas agora
estão ariscas, escapam-se por entre
as mãos, arreganham os dentes
se tento retê-las. Ou será que
já só procuro as mais encabritadas?

Quis saber como o interpretava eu.
Naquele momento só me ocorreu dizer que se as palavras não obedecem ao poeta, a mim deixam-me de obedecer os intestinos, quando me interrompem a questão.
 
Depois também fiquei a saber que não sabia o significado da palavra rédea.
Rédea curta, é o que ela vai ter, agora que se aproximam os quinze anos a passos largos. Rédea muito curta.
 
 
 
 

Sem comentários:

Enviar um comentário