segunda-feira, 31 de agosto de 2015

De rotinas. Precisa-se.

De escola. Precisa-se.
Está a fazer-lhes uma falta danada. Eles não sabem. Mas eu sei. Eles acham que não . Eu tenho a certeza que sim . 
Não há razões de queixa das férias. Ninguém se queixa. Nem eu, muito menos eles. Algarve e Sesimbra comigo. Porto com o pai. Ele novamente Algarve com amigos. Ela com as amigas ainda foi à comporta, a Alenquer e a Londres. Mas agora estão em casa. E não há quem os ature. Ele tem desafiado a construção da nossa casa. É das boas. Um bom investimento, tenho atestado. Os constantes remates às paredes, e nem uma lasca na tinta, ou um bocado de estuque ao chão. Tem sido um desafio também à paciência da vizinhança que ainda não se queixou.
Ela esgotou todas as temporadas da anatomia de grey, que resolveu ver desde os tempos primórdios, num daqueles sites manhosos ( ilegais) com legendas em português brasileiro, do pior que pode haver. Tem sido um teste ao pobre computador, que ao fim de umas horas bufa por todos os orifícios, a anunciar o cansaço através de uma barulhenta ventoinha. 
E depois há o teste à minha paciência , com as constantes guerrilhas entre eles, quem acabou com a nutella,  "que ainda ontem havia um frasco quase cheio", de quem é a vez de ir com o cão à rua, "que não posso ser eu, que já fui mais vezes e isto assim é uma injustiça", quem é que deixou aquele copo na sala "não fui eu" " nem eu" e não foi ninguém, de quem é a vez de pôr a mesa "ontem fui eu!" " tás-te a passar? Fui eu !", e que ela está farta do mau feitio dele, e que ele está farto  daquele feitiozinho dela, e se as férias não acabam, ainda vislumbro pancadaria  na certa. 
E eles estão fartos de mim, e da minha mania das arrumações e limpezas ( não é uma mania, já disse), e do meu feitio autoritário ( de mãe ), e das minhas queixas com os horários desconcertados deles ( e é a razão pela qual sou a única a não conseguir ver o filme da noite até ao fim, outra queixa deles ), e do cão não ser minha responsabilidade ( apesar de o passeio nocturno ser maioritariamente meu, porque eu ladro, mas não mordo). 
Na verdade, estamos mesmo a precisar das rotinas. De escola, de dança, futebol e natação, de energias gastas, para daqui a dois meses nos estarmos a queixar delas, e a ansiar por novas férias.

Estou cá.

Provavelmente nem vale a pena explicar a ausência.
Até porque na verdade, nem há razão plausível a explicar.

Entro assim de fininho, como se nada fosse, como se quase dois meses não tivessem passado, e retomo o fio à meada.
Estou cá. Não sei se para ficar, mas estou.