quarta-feira, 30 de abril de 2014

Quem vai à guerra, dá e leva.



O meu filho está prestes a fazer doze anos, mas parece que tem nove ou dez. É pequenino, franzino, e esta semana fez uma festa porque viu na balança um auspicioso trinta e um. Ultrapassar a barreira dos trinta kg, percebi nesse instante, era (para ele) talvez passar a barreira da criança, para o pré-adolescente. Não quis estragar-lhe a festa, dizendo-lhe que pesar-se ao fim do dia, completamente vestido e calçado, era assim mais ou menos um acto enganoso. Coisa que eu,  nunca, jamais faria, uma vez que ao invés dele, ver números enganosos na balança, pode ser traumatizante.

Sei que até hoje, ser o mais pequeno da turma, o mais pequeno da equipa de futebol, o mais pequeno de tudo, não o tem afetado. Convive bem com isso, e sei que está habituado (muitas vezes por culpa nossa) a inúmeras comparações de filhos de amigos substancialmente mais novos, e com mais três palmos do que ele. No entanto, se o miúdo não dá um pulo (e pode ser que seja este verão - há anos que andamos com esta lenga lenga), sei que está para próximo, a fase em que isso de certa forma o irá afetar. E palpita-me que seja já na entrada do terceiro ciclo. 

Ontem pela primeira vez, ouvi-o relatar uma cena de violência, em que ele foi o interveniente. No balneário, viu um miúdo do 4º ano (dois anos mais novo, portanto) a mexer na mochila de um colega dele. Aproximou-se do miúdo, e de  dedo indicador espetado disse-lhe "isso não se faz", com uma entoação, como se estivesse a falar para uma criança de dois anos. O outro, quiçá por não ter gostado da forma, não foi de modas e espetou-lhe de imediato com um pontapé nos tins-tins. E o meu, respondeu com um pontapé nas canelas, agarrou-lhe na parte de trás da cabeça, empurrou-a até quase ao chão, e novamente de dedo indicador espetado, e com a mesma entoação, disse-lhe "isso não se faz". Virou costas, e veio-se embora. 

Ouvi este relato pormenorizado, e pensei duas vezes no que lhe dizer. Se tinha feito bem ou  se devia ter falado com uma auxiliar em vez de ter respondido na mesma moeda. Depois ele mudou de assunto rapidamente, e eu nada disse. Sempre ouvi dizer que quem vai à guerra, dá e leva. Sei que ele nunca foi miúdo de bater em ninguém, e até foge deste tipo de confusões. Sei que a advertência que ele fez ao outro, foi na defensiva do seu colega, e com a pespectiva de que era um acto errado. Sei que o outro, sendo dois anos mais novo, é mais alto e mais encorpado do que ele. Sei que isso, deve ter pesado consideravelmente no impulso do pontapé nos tins tins. E por isso, não condenei o acto de defesa. 
O verão está aí. Espero que seja este ano que ele dê o pulo.

terça-feira, 29 de abril de 2014

Almoço gourmet

Os meus filhos levam almoço de casa, para a escola .
Sou sempre eu que o preparo.
Ontem foi o pai que o preparou.
Reação das crianças à ementa:
 
Ela- O pai fez o melhor arroz que alguma vez comi na vida.
Ele- Memo'Tava memo bom.
Ela. Mas o pai não tem bem noção das quantidades. Aquilo mais parecia um almoço gourmet.
Ele- Memo. Foi memo espetáculo. Nunca me despachei tão rápido. Em três garfadas e já 'tava a jogar à bola.
 
Os meus filhos têm de facto perspetivas diferentes de ver a mesma coisa.
A perspetiva de quem come bem, e olha para um prato gourmet com olhos de fome.
A perspetiva de quem come mal e olha para um prato gourmet com os olhos virados para a bola.
 
Já dizia a minha avó, "quem mete escaravelhos na cozinha, sai-lhe a cozinha cagada".
(não sei se é um provérbio, tão pouco se existe, mas era uma expressão dela que encaixo aqui na perfeição)

segunda-feira, 28 de abril de 2014

A sentir-me enganada (e sem me importar com isso)

Se há coisa que me chateia um bocado, é saber que comprei alguma coisa, e fui enganada. Certas vezes consigo até perceber o empenho do vendedor, cioso por despachar o seu produto, e percebo de caras o empolar de certas características, e até relevo o exagero. E compro se quero, e porque quero. Foi o caso do cão. O nosso cão. 
Já falei aqui que tivemos duas cadelas YorkShire Terrier Toy. Uma, viveu connosco dez anos, acabando por falecer no início deste ano, a outra faleceu precocemente, e viveu apenas connosco dez meses. Em qualquer um dos casos, o desgosto foi grande. Quando decidi trazer outro animal para esta família, em parte  como forma de atenuar um pouco o desgosto dos miúdos, entendemos todos que iriamos manter a raça.
O que aconteceu quando chegámos ao local combinado (um criador de variadíssimas raças), foi diferente. Foi paixão à primeira vista por uma bola de pelo, que soube nesse instante tratar-se de um Sptiz Alemão Anão. Um pouco à minha maneira, que não sou de demorar muito a tomar qualquer tipo decisão no que concerne a aquisições, em cinco minutos decidimos que ao contrário do que havíamos pensado inicialmente, íamos mudar de raça. Um pouco também à minha maneira, foi fácil arranjar um motivo mais que plausível para a mudança da decisão. Assim, não iriamos correr o risco de fazer comparações com as duas falecidas. Os cinco minutos seguintes serviram apenas para fazer uma ou duas perguntas. E se há coisa que não me esqueço, foram dos elogios de rajada que o Sr. Criador fez ao animal, sempre em comparação com as nossas YorkShire.

Assim, esta nossa nova aquisição, o Sptiz, era dotado de uma inteligencia muito superior à do YorkShire. 
Fiquei surpreendida e pensei cá para mim, que o bicho aprendia a falar. É que a nossa falecida, só lhe faltava verbalizar um qualquer pedido. Se por acaso lhe faltava a comida, saltitava a ladrar à volta do recipiente onde guardávamos a mesma. Se lhe faltava a água, arrastava a tigela vazia até aos meus pés. Se queria ir à rua, ladrava junto à porta.
A ver, até hoje, este nosso Schummi (assim se chama), não reclama com fome, e lavava eu o chão no outro dia, quando dei por ele a lamber o belo do mosaico molhado. Achei aquilo estranhíssimo, e achei até que era o Ajax Vinagre que o tinham inspirado para novos desafios de degustação. Depois olhei para a tigela da água, e percebi. E digo, já vi formas mais inteligentes de manisfestar sede. Pedir para ir à rua, é uma miragem no horizonte. Mas uma miragem tão distante, que temo cada vez mais que não se torne real.

Outra característica desta fantástica raça, era o não perder o pelo. Iria perder o pelo entre os quatro e os cinco meses, e depois desta nova pelagem, o assunto ficava arrumado. Gostei disto. Confesso que me agradou, até porque as YorkShire, nunca perderam pelo ( têm cabelo). Estamos agora na fase da queda. E digo, nunca imaginei que assim fosse. São tufos de pelo preto a esvoaçar pela casa, como se estivesse impregnada de cotão. Como se não fosse aspirada há meses (e garanto, ando sempre de aspirador em punho). A ver vamos se esta queda é unica. A ver vamos.

Mas de tudo o que o Sr. Criador me vendeu (sendo que eu tinha já a decisão tomada) e que de facto me fez crer, estar a adquirir a maravilha das maravilhas da raça canídea, foi sem dúvida o facto de este cão, não cheirar a cão. Julgo que nesse instante os meus olhos se devem ter arregalado, e imagino até que cintilaram perante aquela informação. Um cão que não cheira a cão, era o culminar da galinha dos ovos de ouro. Uma verdadeira preciosidade, para o meu nariz tão pouco afoito a cheiros menos agradáveis. E nesse instante, nem quis ouvir mais nada. Três minutos depois saíamos de Schummi debaixo do braço, e eramos a família mais feliz do universo.  
Três meses volvidos, o Schummi faz parte deste reino, como se de um príncipe se tratasse. Mas um príncipe que cheira a cão. Garanto. 

Inercia + birra = ?

 
 
Andei todo o fim de semana (ainda por cima, comprido) num estado birrenta. Contrariei a birra na sexta feira, indo ao cinema e a um jantar. E a coisa melhorou, mas não passou. Foi assim uma espécie de mau humor que se apoderou de mim, e foi difícil que se despegasse, qual pastilha elástica, agarrada aos pés.
Ontem, sozinha que estava, planeei mil coisas na tentativa de contrariar a inercia aliada a esta birra de mau humor. Acabei por me deixar vencer pela inercia a maior parte do tempo. Dei uma arrumação no despenseiro, que parecia atolado e após tudo em ordem e nos sítios  certos, constatei que tinha de ir às compras com urgência. Não fui. Decidi dar uma ordem na roupa, pus a lavar, estendi, passei a ferro a pouca que havia para passar. Foi rápido. Fiquei contente, roupa em dia. Olhei para o cesto e vi a quantidade de meias por emparelhar. Não era de estranhar. O miúdo no dia anterior já tinha vestido umas com uns bonecos pokemons, nitidamente por não ter mais nenhumas na gaveta. Decidi pôr mãos à obra. Um autentico estendal naquela cozinha.  Um autentico puzzle.  Dezenas de meias, quase todas da mesma cor, entre o preto, o azul escuro e o cinza. Os tamanhos mais variados. Dele, dela, as curtas, as mais compridas, os pezinhos, as do futebol. Meia hora depois deste quebra cabeças, a desistência. Meia dúzia de meias emparelhadas para cada um. Tudo o resto de volta ao cesto, sem par. Não consigo perceber o que acontece às meias. Palpita-me que um dia as descubro a fazer o maior forrobodó no filtro da minha máquina.
Depois deste episódio, em que me mantive de pé durante o tempo que me pareceu suficiente para o exercício físico a que me tinha proposto quando acordei (uma caminhada), decidi enrolar-me no sofá a ver as series que não tinha em dia.
A inercia (e a birra) venceu. Pelo menos deu para descansar, o que já não é mau todo.  

domingo, 27 de abril de 2014

Sabes que estás a ficar mais velha IV



Sabes que estás a ficar mais velha, quando a tua filha que está prestes a fazer quinze anos te pede para fazer a festa num bar. À noite. E tu, que até tinhas pensado, que este ano era um descanso, porque se acabaram as festas em locais alugados, e que essa coisa dos convites de fadas, mágicos, palhaços, caças ao tesouro e afins, estão já tão distantes, e que esta nova moda que chegou já a esta faixa etária, de um jantar num restaurante e cada um paga o seu, seria o que ela iria fazer, e que sim, iria ser um descanso. A todos os níveis. Pois. Prestes a fazer quinze anos a miúda quer ir a um bar. Um bar que não conhece, nem ela, nem eu, mas  que toda a gente (do seu universo) conhece. Toda a gente, ouviste bem, mãe?
Pois, a mãe ouviu bem, apesar de toda a gente (do meu universo) continuar a dizer que tenho o meu quê de surda, a mãe até percebe que essa toda a gente a que ela se refere, são apenas meia duzia de amigos daquele circulo dos muitos, e que a febre do sair à noite está tão latente em todos eles, que anseiam pelo primeiro que faça uma festa num destes locais (sim, porque um jantar já é uma seca, e sempre a mesma coisa), para apanhar a boleia.
Pois a boleia da minha, já se ficou pelo caminho. Um bar, é coisa para mais de dezasseis. E cada coisa a seu tempo. 
Sabes que estás a ficar mais velha, quando negas um destes pedidos, mas cedes pela segunda vez ao pedido para ir a um chá dançante. Uma festa que me foi "vendida" da primeira vez, como sendo adequada à idade deles, pois tem restrições de entrada. De um lado as pulseiras para menores de catorze. Do outro lado as pulseiras para dezasseis. Cedes pela segunda vez, sabendo que da primeira, as meninas entraram com pulseiras de dezasseis. Mas cedes. Porque não podes negar tudo. E porque um chá dançante, ainda não é propriamente um bar (ou é?). 
Sabes que estás a ficar mais velha, quando hoje de manhã, finges ser a mãe cool, ligas à filha, perguntas se correu bem a festa, com que pulseira entrou, e o que bebeu. E engoles novamente em seco, quando a tua filha te diz com uma gargalhada tímida que entraram todos com pulseira de dezasseis, que deu um gole numa cerveja mas que não gostou, que se portaram todos bem, que havia rapazes bem giros, e que agora está a estudar.
E sentes que estás a ficar mais velha, porque te fartas de fazer advertências  para os perigos, e te fartas de ter conversas sobre o que não se deve fazer, e sabes que os perigos estão todos aí, à sua volta, e a tua filha está mesmo a entrar na idade perigosa. E sabes que estás a ficar mais velha, porque ainda te parece que foi ontem que a tua mãe te disse o mesmo, e te proibiu de tanta coisa, e tu tens medo de não estar à altura deste papel tão difícil, e tens receio de falhar, e de não saber se estás a agir corretamente ou não.
Sabes que estás a ficar mais velha, quando pensas que afinal, descanso eram de facto as festas em sítios alugados, com convites de fadas, mágicos, palhaços, caças ao tesouro e afins. 


Nuvens cinzentas



Fim de semana prolongado.
Subitamente, parece que uma nuvem negra se apoderou de mim, e tenho estado quase sempre num estado semi-neurótico. Assim como que mal disposta, rabugenta, a pontos de as minhas crias me dizerem que estou com um feitio impossível de aturar. No caso da cria macho, até é bem feito. Para ele ver como é difícil (ele que é o campeão da rabugice e má disposição). 
No dia feriado, esse dia da liberdade, tentei contrariar e afastar essa nuvem negra, porque afinal as crias (que até deviam estar com o pai, mas o pai tinha trabalho, e estavam comigo), não tinham culpa. Assim, ainda fomos ao cinema com uns amigos, vimos o Noe, e de seguida jantámos ( com tudo aquilo a que tínhamos direito, incluindo uns bons jarros de sangria, que era mesmo o que me apetecia).
E o dia da liberdade passou. Não sem que o meu filho me tivesse feito mil perguntas sobre o mesmo, ele que é também é campeão em questões sobre tudo e mais alguma coisa. Ele que começou a dar esta revolução na disciplina de  história justamente na semana passada, e trazia portanto muitas dúvidas ainda por esclarecer. Se os bisavós e os avós participaram de algum modo nesta mudança histórica e o que mudou na vida deles. Eu que neurótica estava, respondi que este mês de 74, foi de facto a maior revolução na vida deles. O mês em que fui concebida.

Ontem, tal como em todos os sábados, o dia começou bem cedo. E novamente cheio de nuvens cinzentas. E chuva. E a azáfama do costume. Ela para o Cambridge. Ele para o futebol. Almoço a correr, tarde e a más horas, e mil e uma coisas para fazer. Não fiz nada. Cansada que estava, deitei-me a ver um filme, e dormi. Acordei quando o pai os veio buscar. E continuei a dormir. Afinal a nuvem, não mais era do que cansaço. Hoje, o dia acordou solarengo. Lá fora, e aqui. Pena que hoje, não tenho as crias comigo. Mas tenho mil e uma coisas para fazer. Incluindo uma caminhada, porque a rabugice dos últimos dias me fizeram deitar por terra os dois kg que já tinha despachado. 

terça-feira, 22 de abril de 2014

Desafios superados

 
 
Programar esta viagem, implicava pelos menos três desafios. O primeiro, seria arranjar hospedaria para o cão. Este cão, tão cachorro ainda, tão traquina ainda, tão porco ainda, tão mal ensinado ainda (e acima de tudo). Quase como um dado adquirido, informei a minha irmã que este desafio se lhe impunha pela frente. Quase como um dado adquirido, esta irmã informou-me que dadas todas as vertentes atrás descritas do cão, o desafio não iria com certeza ser superado, e seria provável, que a meio da curta estadia, o bicho fosse pernoitar a outras paragens. E foi.
O outro desafio, era sem duvida do meu filho. Este meu filho que tem medo de andar de avião, que fez mil e uma perguntas sobre os possíveis acidentes do mesmo, que quase não dormiu de véspera, que caminhou por aquele aeroporto sempre agarrado a mim (ele que é pouco disso), que o vi bichanar, baixinho, em direção à porta de embarque, e que percebi que rezava. Que apertou ao máximo o cinto de segurança, que ouviu com toda a atenção o vídeo de segurança, que me informou por fim que caso as máscaras de oxigénio se soltassem, eu teria de a colocar primeiro a mim, e só depois o ajudaria a ele, que se benzeu quando o avião ganhou velocidade, que rezou dois pais nossos e três avés marias, enquanto segurava a minha mão com força, e o avião ganhava altitude.
Por ultimo, teríamos o desafio de visitar todas as "capelinhas" que o grupo tinha idealizado. O que não se avizinhava tarefa fácil. Viajar num grupo de nove pessoas (mesmo tendo os nossos  amigos como guias turísticos à espera), seria quase impossível satisfazer gregos e troianos, nesta aventura de tão curta estadia.
 
O balanço foi deveras positivo. O primeiro desafio não foi superado pela irmã, que resolveu abandonar a árdua tarefa de limpar os muitos xixis e cocós que o bicho fazia, já que, aparentemente por se sentir abandonado numa casa estranha, deve ter tido uma crise nervosa que despoletou  um belo de um desarranjo intestinal. Assim, foi passar uns dias de férias com a avó, a casa do bisavô na aldeia, onde correu e saltou  (e cagou e mijou) ao ar livre, tendo regressado a casa, talvez com uma melhor noção de que o number one, e o number two são para fazer na rua (e digo talvez, porque embora já tenhamos denotado alguma melhoria na questão, ainda não se pode dizer esta seja definitiva). Para além disto, deve ter gasto todas as energias que tinha (e as que não tinha), porque pela primeira vez se deitou connosco no sofá, sossegado,  o que fez o deleito de todos.
O segundo desafio também me parece que foi francamente positivo. Na viagem de regresso, já só fez um ou outro comentário acerca do medo sentia apoderar-se dele, enquanto procurávamos a porta de embarque. Chegados ao avião, preferiu a companhia da amiga ao seu lado, sendo que eu fui recambiada para o banco ao lado, benzeu-se, rezou, mas sem o ar de pânico ou a aflição que lhe tinha visto na ida.
Quanto ao terceiro desafio, foi sem duvida aquém do esperado . Graças aos nossos amigos (guias fabulosos), que com muita paciência (e uns dias de férias gastos à nossa conta), nos levaram a conhecer tudo o que havíamos planeado, palmilhando também eles aquela londres de lés a lés. Ficou por conhecer o   palácio de Buckingham. Que é como ir a Roma e não ver o Papa ( e quantas pessoas o vêm?). Mas esse, o palácio, foi assim quase de propósito. Quase como que uma desculpa obrigatória para lá voltarmos em breve.

Tão longe e tão perto.

 
 
De regresso.
Um bocado amassados, porque isto de querer conhecer tudo em tão pouco tempo, amassa.
De regresso ao trabalho, à escola, ao futebol, à explicação, à correria diária, aos tachos e panelas, ao nosso sofá, à nossa rotina.
De regresso, com o coração cheio, porque para além de conhecermos um pouco de Londres, revimos amigos. Amigos do peito, meus compadres, padrinhos do meu filho, família. Aqueles amigos, que viveram sempre distantes, mesmo antes de emigrarem, mas que vivem perto, no coração. Aqueles, que nos recebem de braços abertos, e de quem me despeço de lágrimas nos olhos. Porque isto de estar longe (mesmo perto, no coração), custa.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Sem forças





 
Esta Rainha e seus príncipes chegaram tão cansados de terras de suas outras majestades, que não há forças nem discernimento para escrever...

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Quem tem uma irmã, tem tudo

 
 
Deixei passar o dia dos irmãos.
Assim como deixei passar o dia do beijo (que pelos vistos foi ontem), assim como tenho deixado passar tantos outros dias, que isto agora (parece) que pegou moda e há dia de tudo e mais alguma coisa. Não escrevo por obrigação, escrevo sobre aquilo que me apetece, e como tal, não vou pôr-me a dissertar sobre o dia disto ou daquilo, só porque o é.
Mas hoje, que já não é o dia dos irmãos, apetece-me escrever sobre a minha.
A minha irmã, que é a caçula (como dizem os brasileiros), que eu vi nascer, e crescer ao meu lado. Esta irmã que a vida (os meus pais) me deu, quando eu era já uma moçoila crescida. Esses quase sete anos que nos distanciam, fizeram com que só muito tarde nos entendêssemos sem discussões, sem pontapés, nem puxões de cabelos, sobre quem arrumava a cozinha, sobre quem fazia a cama, sobre quem tinha desarrumado o quê (em regra os motivos sobre os quais discutíamos com mais frequência).
Esta irmã a quem ofereci o primeiro soutien (embora pouco ainda houvesse para segurar), os primeiros all star da moda, as primeiras levi´s da berra. Esta irmã que me ofereceu apoio quando a minha filha nasceu, que dos meus filhos tratou como se seus fossem, quando eu mais precisei. Esta irmã que já tem o seu filho e que eu sinto que não tenho apoiado como ela me apoiou a mim, embora ela saiba que o amo incondicionalmente como se meu filho fosse.
Esta irmã, que sabe (espero) que estou cá sempre, para o tudo e para o mais que for preciso.
 
Esta irmã, que gentilmente (embora com cara fechada e de poucos amigos) me ficou com o cão, enquanto nós vamos, por aí, cirandar.  Espero sinceramente, que esta irmã não me deserde desta vez. Não me destitua do cargo de irmã, porque a tarefa que lhe deixei não se avizinha pêra doce.

Bicho papão

Os meus filhos nunca foram crianças de (muitos) medos. Ela, foi (e é) completamente descontraída, tão descontraída (e distraída ) que às vezes até passa por ser um bocadinho lerda (tipo, dahh???), embora de lerda, não tenha nada. Ele, de descontraído não tem nada, e ás vezes até acho que se preocupa demasiado com questões que não são próprias da sua idade.
No entanto, nunca tiveram medo do escuro,  nem de monstros imaginários, nem de dormir em casa de amigos, nem de bichos papões ( talvez porque nunca lhes tenhamos incutido certo tipo de medos "se vais para ali, vem um bicho e papão e faz dói dói ao menino...").
Tem no entanto o meu filho, uma carga grande de medos reais. Daqueles medos que eu própria às vezes não sei como lhos dissipar, porque são medos que também eu carrego, muito embora estejam bem arrumados no meu intimo.
Este meu filho, que está a um passo (um mês) de fazer doze anos, e que se preocupa com a crise (essa cabra que veio para ficar sabe-se lá até quando), e por isso a crise se tornou num bicho papão. Este meu filho, que tem medo do cancro, muito embora nunca o tenhamos vivido de perto (felizmente), mas que ele sabe que  existe. Porque a mãe do colega teve, e com ele se foi embora, para sempre. Porque ouve (e está atento) às tantas histórias de pessoas que os têm, e os combatem, com sucesso, ou não.  E por isso o cancro se tornou um bicho papão. Este meu filho que tem medo dos assaltos, porque a mãe já foi assaltada, e não fez disso um segredo, porque os assaltos existem (infelizmente), e porque uns amigos do amigo já foram assaltados, e ele ouve (e está atento), e por isso os assaltos se tornaram um bicho papão. Este meu filho que tem medo da morte, porque já viu partir bisavós, porque já viu partir as suas duas cadelinhas adoradas, e porque sentiu a dor da perda na pele, a morte se tornou o maior dos bichos papões. Este meu filho, que tem medo de andar de avião, porque já se assustou numa viagem, porque ouve (e está atento) às noticias de aviões que caem e desaparecem, e por isso o avião se tornou um bicho papão.
Os bichos papões da vida, que devemos saber enfrentar e superar da melhor forma que nos for possível.
Amanhã teremos esse desafio.
O bicho papão da viagem de avião.
 
 
 

É amanhã, o dia.

 
 
É amanhã. É amanhã o dia.
Desconfio que tirando o facto de termos que levantar o rabo da cama às cinco da manhã, os miúdos, pouco ou nada vão dormir. O fazer as malas hoje (que o miúdo está-se bem a borrifar para essa tarefa, preocupando-se apenas com as eletrónicas e carregadores das mesmas), e a excitação inerente, vão dar azo a uma noite agitada com toda a certeza. E energia precisa-se, para as longas caminhadas que se avizinham, nessa cidade tão cosmopolita, que estamos prestes a conhecer.
Está quase. E é amanhã o dia.   

domingo, 13 de abril de 2014

Das coisas boas da vida

Das coisas boas da vida.
Reencontrar uma pessoa, quase vinte anos depois.
Conversar como se vinte anos não tivessem volvido.
Gostar do reencontro, porque há amizades perdidas no tempo que vale mesmo a pena reencontrar.



sexta-feira, 11 de abril de 2014

Um teimoso nunca teima sozinho

Se há coisa que a minha BFF é, é teimosa. Ela diz que a teimosa sou eu. Já diz o ditado, que um teimoso, nunca teima sozinho. 
Hoje, a falar sobre o calçado mais adequado a levar à viagem que se aproxima, diz ela:

eu devia era levar uns ténis iguais aos que a J. recebeu ontem de presente. uns meireles.

Eu tinha visto os ténis. 
Teimámos com o nome dos ténis. 
Insistimos cada uma na sua teoria, quanto ao nome. 
Acabei por dizer-lhe :

pronto. tens razão. deve ter sido aquele estilista português, muito conhecido que inventou os ténis. O João Meireles. 

Adorava ir à loja com ela, só para a ver  pedir para experimentar uns meireles destes. 


Uma volta no carrossel do pintas.

Atrasada para almoçar com uma amiga, decidi deixar o carro à porta, e apanhar um táxi. Seria mais rápido, mais cómodo, e até talvez mais barato (a avaliar pelo preço dos parques de estacionamento da zona para onde ia). Ainda nem tinha posto a segunda perna dentro do habitáculo, nem tinha ainda dito boa tarde quero ir para, já o senhor dizia ora entre, que isto hoje está um belo dia de sol. Ora entre, não era a forma mais comum de brindar um cliente à entrada no táxi, já o está um belo dia de sol, pareceu-me uma frase mais que comum, dadas as circunstancias e decidi não me baldar dali para fora. Talvez aquela frase não quisesse parecer aquilo que me tinha parecido, em género, ora entre , está um belo dia de sol para uma volta aqui no carrossel do pintas. Digo boa tarde, quero ir ali para a praça do comércio. Senhor taxista, responde para o terreiro do paço? está um belo dia para almoçar à beira rio. sabe que há milhares de anos atrás, os primeiros habitantes de lisboa tinham muito peixe ali no rio. agora já só há camarão mas deve ser camarão doente. Ali em Cacilhas já os vi a apanhar muito camarão. e depois devem vende-lo aí em restaurantes e uma pessoa nem sabe o que é que está a comer. Penso que uma pessoa anda sempre a aprender. Ele emenda quando digo praça do comercio, numa clara alusão a que aquilo é o terreiro do paço. A mim tanto me faz. Ainda este período o miúdo fez um teste de história sobre o tema, e tenho portanto ainda presente que depois do terramoto se passou a chamar praça do comercio. E tenho presente também que a miúda numa escala mais avançada, também fez um teste sobre a mesma matéria, e até lhe saiu a pergunta do porquê do nome. E o que era suposto ser uma resposta de desenvolvimento, ela respondeu "porque tinha muitos comerciantes", assim, nu e cru, o que lhe valeu um zero na resposta, e um belo dum satisfaz na nota. Portanto, esta estória da historia está fresca que nem uma alface na minha memória, mas como dizia, tanto me faz uma coisa ou outra. O que eu não sabia é que em Cacilhas há camarão, e que até  posso já ter comido o belo, aí num restaurante qualquer. É que a ideia não me agrada. Mas, não tenho tempo para pensar muito nisto, porque enquanto finjo estar distraída a mexer no telemóvel, senhor taxista continua a sua lição do dia (ou uma das muitas). isto hoje está um belo dia, é para ir almoçar à beira mar. ali em carcavelos deve estar ao rubro. hoje devem ser só surfistas. é só miúdos. que eles vão com o bom ou o mau tempo. baldam-se às aulas e as mãezinhas pensam que eles estão na escola e eles andam a surfar. às vezes paro lá para comer um gelado e é vê-los ali todos contentes, e os paizinhos a trabalhar descansados. Penso nos meus filhos, e se algum dia estarei a trabalhar descansada, enquanto eles vagueiam nas ondas do mar (ou noutras ondas quaisquer). Mas não tenho muito tempo para pensar nisto, porque enquanto continuo a fingir mexer no telemovel, senhor taxista continua, quase sem respirar. olha, olha, este gajo do autocarro nem olhou, viu? isto agora com as novas leis é uma rebaldaria. agora sabe que se um autocarro estiver a sair da paragem a senhora é obrigada a dar passagem? mas eu também sou um transporte publico. atão como é que isso fica? é como os ciclistas. antes tinham de andar em fila indiana, uns atrás dos outros, agora podem andar todos aos magotes no meio da estrada, que um gajo tem de ir atrás deles.Penso nestas novas leis a que senhor taxista se refere, penso que todos os dias na zona onde vivo ando atrás destes magotes de ciclistas, mas não tenho muito tempo para pensar no assunto, porque está um belo dia, e senhor taxista não se cansa de o dizer mas bom, bom, deve estar na costa da caparica. aí é que deve estar uma categoria. o ano passado ia lá sempre. à tarde. sentava-me a comer um gelado, um magnum, sabe? o ano passado havia um magnum que era o beijo apaixonado. bem, aquilo, escorregava memo bem. eu esgotei-os todos. aquilo era uma daquelas edições limitadas, sabe? esgotei com aquilo. comia todos os dias. é que escorregava memo bem o beijo apaixonado. Olho para estrada. Vejo que estamos quase a chegar à praça do comércio barra terreiro do paço, e por isso não vale a pena mandar para-lo antes do tempo, e qual beijo apaixonado, escorregar dali para fora. 

terça-feira, 8 de abril de 2014

Oh apetite, volta pr'a trás...

 
 
No ultimo ano perdi várias coisas. Entre elas, uns quantos kilos. Andei meses a ouvir que estava muito magra, que tanta magreza até me ficava mal, que tinha de me pôr a pau porque ainda ficava doente, e uma serie de reparos à volta da minha silhueta magrela. Não fiz nenhuma dieta maluca, simplesmente fui perdendo peso, porque simplesmente fui perdendo o apetite. Nunca fui gorda, mas dos trinta e três (anos) em diante, comecei a ganhar um kg por ano. Era o tipo de engorda gradual. Aquela que não se vai dando conta, mas ao fim de uns anos está cá. Instalada. A vantagem de perder uns quilos, foi exatamente essa. Lembrar-me de que eu era assim, há uns anos atrás, sem preocupações com o pneu(zinho) abdominal ou com o vestido que não assentava bem. E isso fez-me sentir melhor. Recuperei três kg dos perdidos, quando comecei a viver a situação inversa. O vestido que não assentava bem, porque boiava, as calças que teimavam a cair. E fiquei no peso ideal.
Nos últimos dois meses engordei dois kg. O apetite voltou, aliado às jantaradas com amigos, regadas a gin tónico ou sangria, as sobremesas impossíveis de resistir. Ontem decidi que ia entrar em dieta. Dois kg, não é propriamente uma coisa difícil. Não estivéssemos a entrar na fase da desova, em que toda a gente faz anos, e as jantaradas vão ser mais que muitas, e não seria de facto difícil...   Não seria difícil, se eu fosse uma pessoa de dietas. E aderisse com facilidade à moda dos batidos verdes, e das taças de cereais com fruta e bagas goji. Tudo isso me causa enjoo, agonia, e me repele. Eu sou uma pessoa de pão com manteiga, de massas, de carne bem cozinhada, de batatas fritas verdadeiras. Por isso só me resta cantar :
 
"oh apetite  volta prá trás
dá-me tudo o que eu perdi
tem pena e dá-me a vida
a vida que eu já vivi
oh apetite volta prá trás..."

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Arrependimento

Algures por aqui disse que passar a ferro me tirava o stress. Que é como quem diz, eu gosto de passar a ferro. Que é como quem diz, passar a ferro para mim, funciona da mesma forma que o ioga funciona para muitas outras pessoas. Que é como quem diz, passar a ferro para mim, é como levar uma massagem relaxante. Que é como quem diz, às vezes quando abres a boca para dizer certas coisas, devias levar logo  com um martelo nos queixos. E como tal, retiro (na integra) o que disse. No tempo das vacas gordas, passava a ferro quando por alguma razão, a roupa se acumulava, e eu dava uma ajuda. Em tempos de vacas magras, a roupa está num constante acumular, e depois de uma manhã de domingo a tentar ver o fundo ao cesto, esta rainha sente-se mais em versão gata borralheira, arrependida de algum dia ter proferido semelhante afirmação. Não gosto de passar a ferro. Ponto.
 
 
 
 

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Inspira. Expira. Ventila.

Uma pessoa tem um dia de cão, porque sai de casa com chuva e com frio (e onde é que anda a porra da primavera no meio disto tudo? emigrou, foi?), leva os miúdos à escola, os seus e os da amiga (quatro no total, comigo cinco, e o carro só dá para quatro), pede-lhes que ponham os cintos ("um para dois, esforcem-se que conseguem, que isto sem cinto é que ninguém vai")  e reza para que as autoridades não se lembrem de fazer uma operação stop nestes poucos km que distanciam a nossa casa do colégio (está a chover, é pouco provável). Chega à escola, e o trânsito para entrar está entupido. Chove a potes e digo aos miúdos para saírem mesmo ali, que a fila está parada, não faz diferença. Para o senhor (anormal) do carro atrás fazia muita diferença, porque buzinou desenfreadamente perante o (quase) pânico dos miúdos a tirar as mochilas e a tentarem sair dali o mais rapidamente possível (para ficarmos parados mais dez minutos, um metro e meio à frente, o que me leva a ter a certeza que que isto anda mesmo tudo avariado do sistema - da tola). Uma pessoa chega ao escritório, atura o que tem de aturar, faz o que tem a fazer, e quando olha para o relógio, sai a correr porque tem de ir buscar o avô a casa da mãe, para o acompanhar a uma consulta de cardiologia. Olha para o avô, enquanto espera a consulta, e percebe que a velhice é mesmo uma coisa tramada, e que o avô está mesmo a ficar cada vez mais velhinho. Entra na consulta, sai da consulta, fazer analises, entra novamente na consulta, olha para o relógio e percebe que talvez não dê tempo de chegar à sua própria consulta , dali a quarenta minutos. Ainda dentro da consulta, ouve todas as diretrizes do médico, enquanto rabisca disfarçadamente uma mensagem a pedir auxilio no regresso do avô a casa. O cunhado aparece neste auxilio, uma pessoa arranca desenfreadamente para a outra ponta da cidade, liga para o consultório  a avisar que vai chegar atrasada, e a rececionista informa que a consulta estava marcada para duas horas antes. Uma pessoa enerva-se, porque apesar de saber que é um bocado (muito) distraída tinha escrito na agenda, e confirmado tudo direitinho, e não se inibe de quase chamar incompetente à senhora rececionista que ainda no dia anterior tinha ligado a confirmar a dita consulta, e uma pessoa até pode ter um ouvido afanado (razão que a leva a este raio desta consulta), mas garante que ainda ouve e percebe bem o que lhe dizem, daí estar a caminho da mesma, na hora combinada. A senhora rececionista não desiste de informar que tem a certeza que a colega que ligou ontem disse as horas certas, uma pessoa deste lado garante que também tem  a certeza do que ouviu e escreveu por duas vezes, e vai a caminho. Depois de ventilar umas quantas vezes até chegar ao destino, uma pessoa entra, simpaticamente sem desancar as senhoras duas rececionistas, que informam simpaticamente também que a senhora professora vai atender já de seguida. Senhora professora doutora simpaticamente atende-me fora de horas, olha para as magnificas fotografias que trago debaixo do braço, resultado da tac que me havia pedido, explica-me que estou novamente toda entupida de nhanha, mostra-me a nhanha na foto, aquela massa intrusa que ali se alojou, usa o termo tumor benigno, assim como quem não quer a coisa, oiço tudo como quem não quer a coisa também, passa-me a catrefada de exames que tenho para fazer, antes de ir à faca. Digo que sim senhor, irei fazer tudo, e informarei de quando me dá jeito levar a facada. Uma pessoa sai dali, a pensar no fato reciclável que ainda tem para fazer com o miúdo, para levar amanhã para a escola para o desfile da primavera (mas qual primavera?), pensa no materiais que vai precisar, liga ao ex-rei a pedir para comprar os materiais antes de trazer o miúdo do futebol para casa. Uma pessoa chega a casa, informa como quem não quer a coisa que vai ser operada dentro em breve, nada de especial, a filha reage da mesma maneira com um "oh...", ok, nada de especial, uma pessoa decide não contar já ao filho porque não sendo nada de especial, o filho não vai reagir da mesma forma (no mínimo o "oh" da filha, é precedido de um "não vais morrer, pois não?"), e uma pessoa precisa que o filho colabore na elaboração de um fato de espantalho, que uma mãe idealizou porque o filho não colaborou em fazê-lo na sala de aula, e embora o raspanete, uma mãe não quer que o filho seja o único que não tenha fato. Uma pessoa faz um fato com materiais recicláveis enquanto o diabo esfrega um olho, olha para o resultado final e pensa com orgulho que para vinte minutos não ficou nada mal, uma pessoa ainda ouve o filho reclamar que não leva a imitação de chapéu de palha, engendrada com cartolina porque vai fazer figura de estupido, uma pessoa dá dois berros e controla-se para não dar duas palmadas (merecidas), uma pessoa deita-se e pensa na data que vai escolher para tirar a nhanha.
 
 

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Já falta pouco




Férias escolares aproximam-se.
Saudades das férias de verão, do sol, da areia, do peixe grelhado, das gargalhadas deles enquanto me molham, eu cheia de cuidados a entrar no mar.
Antes que esse momento chegue, temos estas. Estas férias. Mais curtas, ainda com sabor a inverno, este frio e esta chuva que teimam em permanecer por cá. E eles estão entusiasmados. Apesar da chuva e do frio, eles estão entusiasmados, e eu também. Mais um pedaço de mundo para conhecermos, que sabe sempre a aventura. Esta aventura de descoberta, de outros locais, outras paragens, outras culturas, outras vivencias. Eles estão entusiasmados, e eu também. Já falta pouco.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Keep the dream alive


De coração cheio. Novamente.
Princesa de volta.
Um sem número de acontecimentos para relatar, aventuras, muito cansaço à mistura, e muitas, muitas fotos. A minha preferida:




(Keep it. Keep it always...)

Para bom entendor meia palavra basta.

Tenho no facebook largas dezenas de "amigos". Conheço todos. Sendo que umas quantas dezenas são amigos dos meus filhos,  que me pediram amizade, na sua maioria julgo que em busca do maior número de amigos possível, em busca do maior número   de likes nas fotos. Aquela febre que assola a maioria dos jovens (e não só), e para a qual felizmente parece que existe uma cura (pelo menos a avaliar lá por casa, quanto mais não seja por ter  perdido a graça).
Destas largas dezenas de amigos, que mantenho nesta página, muitos são reencontros de amizades perdidas no tempo, às quais achei graça por reencontrar, quanto mais não fosse em fotografia. Aliás, já falei disso aqui. Há umas semanas, um desses amigos perdido no tempo, enviou-me uma mensagem privada, cujo conteúdo me pareceu inapropriado face à distancia dos anos a que não nos vemos, e inerente um convite para almoçar. Pensei duas vezes se havia de lhe responder ou não. E não respondi. Face à ausência de resposta, meteu conversa quando me viu online, começando por perguntar pela minha família, e quase em simultâneo pelo meu marido. Percebi exatamente que o teor das perguntas eram com o único objetivo de ter a certeza daquilo que desconfiava. Que eu provavelmente estaria separada (coisa que palpito, alguém em comum lhe terá dito). A minha separação, não foi nem é nenhum segredo. No entanto, não escarrapachei no face semelhante acontecimento, assim como não escarrapacho outros. Apesar deste fator na minha vida não ser um segredo, não me apeteceu de todo satisfazer a curiosidade alheia deste amigo, e respondi de forma a que ele tivesse ficado com a mesma duvida que o tinha levado ali. Não contente, pergunta-me diretamente se o meu marido não gosta de aparecer, uma vez que até é (ou foi) uma figura publica, e não o vê na minha página. Não sei se lhe satisfiz a curiosidade (aguçada) , mas a resposta foi esta.
 
 Na minha opinião, o face tem muitas coisas boas, e muitas coisas más. (como a maioria das coisas na vida. com prós e contras). considero ser um bom meio de contacto, de troca e partilha de informação, considero ser um bom método de marketing para certas entidades comerciais, para certas causas beneméritas,  e até uma ótima "loja" para tantas pessoas que fizeram a partir daqui o seu negócio. Eu não era uma adepta acérrima do face, e fi-lo quando a minha filha me pediu para criar o dela. Achei que devia perceber o seu funcionamento, e acima de tudo poder controlar a sua página. Posteriormente a dele. No entanto, embora não criticando nem julgando, não entendemos, na nossa forma de estar, que o face sirva essencialmente para a exposição da nossa vida privada, tão pouco para indiretas alheias, ou lavar de roupa suja, como vemos em tantos casos. Tão pouco para mostrar ao mundo, aparências (sejam falsas ou verdadeiras) e afins. Como te digo, não critico, nem condeno, simplesmente esta é a minha (nossa) forma de estar. Publico o que me apetece publicar, exponho o que me apetece expor, mas guardo para mim aquilo que me apetece guardar, ou partilho com quem me apetece partilhar.
 
Para bom entendedor, meia palavra basta. Não bastando, o discurso até foi longo, mas julgo que eficaz.
 
 
 

Na direção certa. Tento.

O meu coração continua do tamanho de uma ervilha.  Uma ervilha mirrada. A miúda continua por terras alentejanas, na sua visita de estudo, e estão neste momento a caminho do Alqueva para uma atividade de canoagem, assim o tempo o permita. Mas regressa hoje. Mais logo. Felizmente. E ontem, que as saudades apertavam e a casa estava demasiado silenciosa, eu e o meu ex-rei (mas o rei deles), decidimos ter uma conversa daquelas mesmo serias com o miúdo. O silencio foi quebrado por esta conversa, e deu lugar a um choro sentido e continuo. E eu achei que não devia quebrar perante as lágrimas dele, do nosso menino, e deixei-o desabar em lágrimas, e pensar na sua atitude perante a vida, perante a escola. E deitei-me triste porque ele estava triste. Deitei-me com o coração mirrado, uma filha longe, um filho choroso. Esta rainha (galinha) que os tenta ensinar a voar, da melhor forma, e na direção certa. E esta adolescência teimosa que  com um sopro por vezes desvia o trajeto, para a  direção oposta.
 
 

terça-feira, 1 de abril de 2014

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Volta. Tás perdoado.


Ah, e tal, onde está a primavera, volta sol, que estás perdoado, e blá blá.
Esta conversa já enjoa.
Mas a chuva também. Bolas...

Os adolescentes dividem-se em duas categorias

 
 
Os adolescentes dividem-se em duas categorias:
 
a) aqueles que estão fora de casa (numa visita de estudo de três dias) e ligam aos pais a fazer um ponto de situação (já visitámos isto, aquilo e aquelotro, almoçámos isto, aquilo e de sobremesa aquelotro, lavei os dentes, tomei banho, dormi bem mas pouco , agora vamos jantar ao restaurante tal, que fica ali na zona xis, o senhor do autocarro é simpático e conduz prudentemente, os nossos professores não nos largam um segundo o que até chateia , está a ser muito divertido, estou a adorar, mas estou cheio(a) de saudades tuas. E logo à noite, volto a ligar a dar um beijo de boa noite. E não, obviamente que não me vou esquecer.)
 
b) aqueles que estão fora de casa (numa visita de estudo de três dias) e os pais lhes ligam, para saber um ponto de situação ( 1# está a ser giro, mas agora tenho de desligar porque tenho de ir para o autocarro, sim, já visitámos isso, foi giro,  depois conto-te que agora tenho de ir........* 2# via sms : mummy, tá td bem, estou a comer sopinha........* 3# sim mãe, ainda estamos no restaurante, agora tenho de desligar, sim, sim, eu ligo quando chegar ao hotel.......* 4# via sms: sim, mummy está tudo bem, tamos a ir po hotel................................................**
 
* silencio de horas
** silencio de horas (até à manhã seguinte)
 
A minha adolescente, insere-se na categoria b)
 
(hoje, percebi através de outras mães queixosas, que a categoria b tem muita afluência)