quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Ladex

"o teu primo Luís vai ser operado", diz-me a minha mãe. Ai vai?, pergunto. Parece que vai. Aos olhos. Esta sexta feira. Cá. Em lisboa. E então? pergunto mais uma vez. Não é que me seja indiferente que o meu primo Luís, com quem não falo há anos, seja operado ao olhos. Não. Não me é indiferente, tadinho, não queria estar na pele nos olhos dele. Mas e então? "e então que eles não sabiam o caminho para a clinica, e imagina a quem foram pedir ajuda". A quem? "ao teu pai. imagina tu, ao teu pai". Imaginei. E então? E agora? O meu pai sabe onde é a clinica, é tio do meu primo Luís, pode muito bem ajudar. Mas não. Eu sabia que não era para ficar por aqui. "tive pena dele, coitado, ter de recorrer ao teu pai". E então? Vá diz lá, desembucha, que eu já vi onde queres chegar. Queres que me ofereça para essa tarefa, não é? "pois acho que te ficava bem". Pois que eu estou de bom humor, e sei que ficas contente, e faço por isso. Ligo ao primo Luís. Com quem não falo há anos. Falamos como se nos tivéssemos visto ontem. "então, estás bom? já sei que vais ser operado. aos olhos não é?". Sim, diz-me ele. Parece que um olho está a ficar meio de ladex.  Ok. Não aprofundo a questão. "Queres ajuda no caminho? Posso lá ir contigo e com o meu pai." Ê pá, agradeço-te, diz-me ele.  Pois sim senhora. Que assim seja. Esqueci-me de avisar que não sei onde fica a clinica, que sou péssima em caminhos, e que espero que o meu pai saiba de facto onde fica a dita. Já basta não vir trabalhar para fazer a boa ação da semana. Tudo pelo olho do primo Luís. Não o queremos meio de ladex. Isso é que não.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Erros ortográficos, quem os não dá.

Professores chumbam em exame por erros básicos de português Confundir o "à" com "há" e usar mal o "ç" foram algumas das falhas graves cometidas por docentes reprovados. Entre os avaliados, 20% fizeram cinco ou mais erros ortográficos.

A minha filha tem este ano pela primeira vez filosofia. O professor é rigorosíssimo com os erros ortográficos, e desconta uma percentagem por cada um. Ela viu-se com menos um valor no teste, porque em cada "à" que escreveu colocou o acento ao contrário. E ainda me disse, que não fazia a mínima ideia de que o acento do "a" era grave. Eu considerei o caso grave, tão grave quanto o acento que o acompanha. Mas valeu-lhe a lição para a vida, e tenho a certeza de que jamais se irá esquecer.
 
O meu filho dá erros. Muitos erros. Graves, agudos, e não só de acentuação. Que me deixam possessa, de cabelos em pé. No teste de matemática escreveu por diversas vezes angolo. " O stor não desconta". Numa ficha de história, entre outros, escreveu disce. Fiquei horrorizada, perguntei-lhe o que queria aquilo dizer, e ainda me respondeu em tom de gozo que era uma mistura de conjugação do verbo dizer, com o verbo descer. "mas não faz mal, que o stor não desconta".
 
Para os professores que reprovaram por erros básicos de português, valeu-lhes a lição para a vida, assim como valeu para a minha filha o valor perdido no teste. Assim como valeria para o meu filho, se por cada erro lhe descontassem cinco ou dez por cento na nota final e visse as notas baixarem drasticamente. Seria remédio quase santo. Tenho a certeza.

Boa ação

Hoje uma ex professora do meu filho veio ter comigo e disse-me que estava muito orgulhosa do meu menino, porque soube que ele encontrou quarenta euros dentro da sala de aula, quando já não havia alunos, e que entregou o dinheiro à coordenadora, que por sua vez descobriu o respetivo dono do dinheiro. E disse-me "só podia vir de um menino bem formado como ele".  Eu senti-me lisonjeada nesse momento, pelas palavras, e pensei que ouvi a história dos quarenta euros pela boca de outra mãe, que o meu filho não me contou nada, e que eu nada lhe disse relativamente a isto. Porque achei natural a atitude, desvalorizei o assunto e no momento, a única coisa que me ocorreu foi "quem é que leva quarenta euros para a escola?". Hoje, depois de ouvir o elogio refleti sobre o assunto. Tenho de elogiar a conduta, que quando se erra repreende-se, quando se faz o certo, sabe bem ouvi-lo.

meu rico filho, coisa mai boa da mãe

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Pimba

Fazer anos a uma segunda feira, significa chegar ao fim de semana com a sensação de que já não vale a pena festejar coisa nenhuma. Uma pessoa até já se esqueceu que fez anos. Mas, quarenta, são quarenta, e assim meio em cima do joelho, lá organizei um jantar com aqueles que me apetecia que realmente estivessem presentes.
O restaurante estava praticamente por nossa conta, e contratei  karaoke.
Para quem não estava nada virada a festejos, foi talvez o jantar de aniversário mais divertido que já tive. E o mais pimba. 

O meu miúdo, que sempre foi muito esperto em apanhar o fraco dos mais velhos, sabe que o momento ideal para me pedir qualquer coisa, é num destes momentos, em que eu estou bem disposta e animada. Assim, foi nesse preciso momento que decidiu pedir-me novamente a playstation 4. Disse-lhe que ia pensar no assunto, enquanto me dirigia para o microfone, para abrir a pista das cantorias. E foi sob os olhinhos dele, atónitos e apavorados, que cantei a alto e bom som, como se amanhã não houvesse, o "bate bate coração, louco louco de ilusão" do Carlos Paião. Quando terminei, achei que o miúdo me ia desfalecer nos braços. E sussurrou-me apenas "depois desta vergonha, acho que me deves mesmo comprar a playstation 4". 

Tenho quarenta, meu filho. Quarenta anos. E acabei de soltar o pimba que há em mim. 


sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Sonhos

Isto de o  miúdo ter o sonho do futebol, e de toda a vida termos vivido no meio, teve desde sempre consequências na maneira como vemos a questão, e como lidamos com ela. Assim, se em determinada altura tentámos contrariar este sonho, cedo percebemos que os sonhos não se contrariam, e que é preferível tentarmos guiar os mesmos, da melhor forma que conseguimos ou sabemos. Assim, e porque vivi na pele certos preconceitos e tabus ("és mulher de um jogador? não diria, nada...", "sempre imaginei as mulheres dos jogadores diferentes...tipo...básicas, fúteis..."), e porque vivi na pele certos conceitos e perspectivas diferentes ("mas tu trabalhas? porquê?"), tem levado a que esteja constantemente a tentar que o miúdo perceba que há coisas que são fundamentais, e que não descurando o sonho, não deve também descurar outros objectivos, tão ou mais importantes. 
Ontem, enquanto ouvíamos o Pedro Proença a anunciar o fim da sua carreira, o miúdo perguntou-me "ele deve ter estudado, não deve? fala bem, não fala?".

água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Virtual

O miúdo criou um jogador de futebol à sua imagem, num qualquer jogo de playstation. Olhei para a figura virtual, em pose, no ecrã da minha televisão. "este vou ser eu, quando for grande". Olho de novo para a imagem. "1.68 m?" pergunto-lhe. "sim, achas que consigo chegar ao metro e sessenta e oito?". Digo-lhe que acho que vai passar o metro e setenta (a esperança, é sempre a ultima a morrer, e até ao lavar dos cestos é vindima). Fala-me das características. Pé esquerdo, como ele, um goleador inato, sem ele, aquela equipa não é nada. Um craque portanto. Olho de novo, e tento identificar algumas características físicas dele. Não encontro. "mas esse, tem o cabelo loiro, não consegues pô-lo moreno?". Diz que sim, que consegue. Mas que o seu sonho secreto sempre foi ser loiro.
"se dás em azeiteiro, parto-te as duas pernas nunca mais jogas futebol. não estou a brincar".
 
e não estou mesmo

Homens da minha vida


Os dois homens da minha vida, de coração, alma e sangue. O filho, e o sobrinho.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

O mesmo. De sempre.

E quando uma pessoa faz anos, e todos à sua volta perguntam o que quer receber de presente, porque é tão difícil escolher algo, para alguém que tem tudo. Primeiro : uma pessoa diz "nada". Fica bem. "não é preciso nada". Depois, uma pessoa (neste caso, uma mulher), nunca tem tudo. Há sempre qualquer coisinha que faz falta. No meu caso, fazia-me falta um perfume. O meu perfume. É que o dito levou um avanço brutal, desde que a miúda descobriu que também gosta dele, e todos os dias de manhã se vaporiza sem dó nem piedade, perante o resquício de liquido já no fundo do frasco.
E a ela, digo-lhe "preciso do meu perfume. aquele que tu também usas. que é o meu. desde sempre."
E fico descansada. Miúda sai com o pai e levam como objetivo a compra do meu presente. Demoram uma eternidade, e penso que para além do perfume vão escolher outra coisa.
Miúda chega entusiasmada, nitidamente com a sensação de dever cumprido. Diz-me que nos vamos manter acordados, para à meia noite em ponto me cantarem os parabéns. Faço-lhe a vontade, deixo o miúdo jogar playstation, deixo-a ver televisão, adormeço no sofá. Sou acordada com a cantoria, e o presente embrulhado. Olho para o formato da caixa, e penso "não é o meu perfume". Ela contente, diz-me ter inalado dezenas de perfumes, porque acha que está na altura de eu mudar. E traz uma amostra, antes que eu abra o frasco para o caso de eu não gostar. Coloco umas gotas na palma da mão. Sinto o cheiro adocicado. Não gosto de perfumes doces. Fico enjoada. Digo-lhe "gosto de perfumes frescos, este é assim...meio doce". Deito-me com aquele cheiro na mão, penso que talvez seja do sono, e que no dia seguinte me debruço sobre o assunto. Cheiro mais dez vezes, o enjoo é cada vez maior. Pergunto-lhe se quer ficar com o perfume, porque eu gosto é do meu, não troco há anos, muitos anos, e ela diz que não. Que a culpa foi dela. E que devia ter ido pelo seguro. Sinto a deceção, fico dececionada com ela, mas não finjo (embora me tenha questionado se não o devia ter feito).

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Entas


Parece que ontem foi o dia mais triste do ano.
Não ouvi porquê, apenas umas quantas  pessoas me alertaram para esse facto, que segundo parece, foi alvo de estatística.
Nos breves segundos que me debrucei sobre o assunto, arranjei umas quantas justificações para o dito. Era segunda feira, já vamos com uns quantos meses de frio em cima do pelo e avizinham-se ainda outros tantos, as contas bancárias levaram um arrombo drástico e só agora no pós natal e pós passagem de ano estamos a interiorizar tal facto, estamos a pouco mais de meio do mês e ainda falta imenso tempo para o ordenado cair na conta (já que este mês é comprido com'ó raio), a balança teima em mostrar os quilos a mais ganhos na quadra festiva, e com este frio, este ânimo e o desbaste na carteira, o exercício físico vai ficando adiado para a desejada primavera.
Foram estas as razões que me ocorreram para o dia de ontem ser o dia mais triste do ano. Porém, para mim, foi o dia em que oficialmente me tornei uma senhora de meia idade e entrei nesse clube a que denominam dos "entas".

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

In(ex)clusão

 
 
O miúdo chegou a casa depois de retomado o início do segundo período, com a seguinte convicção/pedido: "mãe, temos de começar a ver a casa dos segredos". Dei uma gargalhada, supus que algum colega lhe tenha falado maravilhas (ou pormenores sórdidos) do dito programa, e disse-lhe que nem pensar. Voltei a refletir que não vemos televisão os três juntos, porque os meus interesses e os da miúda nunca se coadunam com os dele. A miúda falou-lhe no "house" pela milésima vez, serie que andamos a ver juntas, e ele cedeu a ver um episódio, soltando a frase "é que estou farto de ser o excluído" . Fez mil perguntas para apanhar o fio à meada, a miúda respondeu com toda a paciência que a caracteriza,  o miúdo gostou e entusiasmou-se, temos programa pós jantar, um sofá com lotação esgotada, mantas e chocolates partilhados (e eu ladeada de amor incondicional).

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Ela lembra-se

Era sempre na altura do entrudo, aquela grande festa a que todos denominavam de matança. Fazia frio, muito frio, principalmente naquela zona mais interior do alto Ribatejo. Ela lembra-se de gostar de ir à matança até à idade da adolescência, em que tudo já lhe parecia um sacrifício, as mesmas pessoas, a mesma conversa, os mesmos rituais, o frio. O raio do frio. Mas até essa idade, a matança era um momento único. Era um dia diferente dos tantos habituais, altura em rumavam à terra, em que viam os avós, os tios, os primos. O primo Orlando, por quem nutria uma paixoneta secreta. O primo mais velho e giro, que outrora tinha carregado com ela dentro de um carro de mão, por entre trilhos de alfaces e couves enquanto ela gritava entre gargalhadas "mais devagarre Orrlando!".
Quando acordava nessa manhã, ainda o dia não tinha clareado, já a avó tinha a grande fogueira ateada, no meio do monte onde se ia desencadear todo o processo da matança. Sabia todos os passos de cor, já, a chegada da família, os homens a encaminharem-se cabeço acima de facas aguçadas em punho, as mulheres com grandes alguidares de barro e colheres de pau gigantes. Ela encaminhava-se para a zona do fatídico momento, sabia os guinchos que iria ouvir, sabia o quanto os porcos iriam espernear, sabia que a sua tarefa era mexer freneticamente o sangue que iria jorrar para dentro do alguidar, de modo a não coalhar. Sabia que quando as mãos lhe fraquejassem, de frio e de cansaço, as tias iriam gritar "não pares menina, não pares, olha que o sangue coalha", sabia que não podia falhar, sob pena de estragar uma quantidade atroz de farinheiras. Conhecia o cheiro agonizante a sangue quente, afastava ligeiramente a face do vapor , conhecia o cheiro seguinte do porco esventrado, das tripas fumegantes, da carne ainda morna. Sabia de cor, já, todo o cardápio do dia, a primeira pausa para o pequeno almoço, cachola assada na brasa, bacalhau assado na brasa, pão caseiro, bolos, copos de vinho para os homens, copos de sumol para as mulheres. Ouvia a típica frase do avô, qual chefe de família, qual anfitrião de peito inchado "comam, comam que há muita comida!". Depois ouvia-o bichanar no ouvido da avó "quantas arrobas tinham os porcos do teu irmão?" e a avó de sorriso matreiro na cara respondia "um tinha doze, o outro tinha treze", e o avô sorria com a certeza do dever cumprido. A balança tinha marcado umas quantas arrobas a mais do que os porcos vizinhos, mortos quinze dias antes. Na engorda dos porcos, eles eram reis, e o orgulho era patente.
Depois as mulheres, de galochas calçadas, sentavam-se em cima da carroça onde estavam já as tripas aninhadas em alguidares, e rumavam à ribeira. Ela nem sempre ia. Mas de quando em vez, pedia umas galochas à tia, e juntava-se ao grupo. E com elas lavava as tripas, e via a imensidão de cocó, ribeira abaixo, a boiar em direção ao tejo.
As mulheres falavam alto, e riam, e ela gostava de as ouvir, a conversar sobre trivialidades da vida, ou sobre um ou outro caso mais sórdido da vida alheia.
E depois regressavam de tripas vazias, prontas a serem novamente cheias, de carne e gordura, e dispostas ao fumeiro. E nessa altura, já os homens tinham os porcos trinchados, dispostos em alguidares alinhados, e ouvia-se mais uma vez a voz potente do avô "vamos comer. vocês comam, que há aqui muita comida!" 
 
 

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

E porque hoje é dias dos Reis, é isto que me ocorre...


E porque hoje é o dia dos reis, e enquanto me passeava nas redes sociais roubei a imagem acima porque lhe achei piada e achei por bem partilhar a mesma em formato post "sem interesse nenhum" (como todos), aqui ficam os votos de um feliz dia.
Sem querer tirar a magia ao dito, a mim só me ocorre a trabalheira de desfazer a árvore de natal, a poeirada que aquilo vai deixar, os milhentos fios dourados espalhados pelo chão (e encontrados meses depois debaixo de um tapete ou de um móvel de difícil acesso aspiracional) e  que eu teimo em colocar todos os anos, quando estou com a pica da decoração da mesma, e que bem que aquilo fica ali, dando um brilho e um toque final perfeito. A alergia que se  vai apoderar do meu nariz, olhos e garganta, a juntar às caixas e caixotes que vou carregar da arrecadação, vazias e leves, que vou encher de enfeites e presépios minuciosamente embrulhados em papel de cozinha (bolas,  ainda tenho de ir às compras, que ontem acabei o ultimo rolo), e por fim, já com a árvore despida retirar os metros de luzes que tão cuidadosamente enrolei (e ainda me parece que foi ontem). E no fim deste processo, vem o outro, o mais difícil. Retirar ramo a ramo do encaixe, voltar a fecha-los para que fiquem magrinhos e ocupem pouco espaço,  juntar todas as fileiras por ordem, deixando-as atadas, que aquilo vinha organizado por bolinhas de cores para que se soubesse a posição de cada uma, mas as cores sumiram-se com a idade, e no ano em que me apercebi dessa tragédia, a árvore foi montada quase que como um grande puzzle, que nos deu trabalho redobrado. Depois coloco todo aquele emaranhado de carumas falsas dentro da caixa de papelão, já meio desfeita pelos anos de transporte de arrasto entre a arrecadação e casa, que aquilo pesa que se farta, e à falta de homem nesta ajuda, vai de arrasto mesmo. E depois carrego e arrasto tudo, cheio e pesado, de volta ao local de origem, a arrecadação, e depois há sempre uma caixa que já não cabe no local onde outrora estava guardada, e enervo-me e estou cansada, e deixo-a ali mesmo, até uma próxima arrumação. Normalmente este é um trabalho isolado, porque o entusiasmo de montar o ambiente natalício nunca é igual ao entusiamo de o desfazer, e não há crianças voluntárias nesta ajuda (embora vá mais uma vez tentar). E pronto, por hora é isto que me ocorre para o meu final de dia dos Reis. Talvez ainda compre um bolo rainha. E no final desta azáfama, talvez me estique no meu sofá, lance a dieta às urtigas e amorfanhe duas ou três fatias. Talvez.


Retrospectiva (12)

Olho para trás para o mês que findou.
Assisti e festejei o terceiro aniversário do sobrinho de sangue, e do coração.
Fiz um bolo de massa de açúcar, e recordei os tempos de outrora em que os fazia para os meus.
O sobrinho adorou o bolo e quis leva-lo para o quarto, para "bincar".
Não caminhei, não corri, e arranjei várias desculpas para essa preguiça que me assolou (como a falta de tempo, e o frio).
Fiz com os filhos e o sobrinho a árvore de natal, montei presépios, adiei para outro dia  o azevinho verdadeiro, e coloquei numa jarra o falso.
Ajudei a organizar o habitual  jantar de natal com o grupo de amigos, e do meu amigo secreto recebi umas pantufas quentinhas.
Não fui colher azevinho verdadeiro.
Fui ao jantar de natal da equipa de futebol do miúdo e quase que me aventurei no microfone do karaoke. Faltou o quase.
Faltei a um jantar de aniversário de uma grande amiga e senti-me mal por isso.
Fui ao jantar de reencontro com as amigas de infância e adorei rever algumas delas.
Combinei com a irmã um reencontro com o pai. E se há três anos não o víamos, de um reencontro fizemos dois, e combinámos estar mais vezes juntos.
Vi os meus filhos partirem em direção ao norte, para passarem a noite de natal com a família paterna.
Comi couves com bacalhau na noite de natal, com a minha mãe e o meu avô e bebi dois copos de lambrusco.
Ouvi do avô a recriminação por ter bebido vinho ao jantar.
Passei o resto da noite a cozinhar para o dia seguinte.
Passei o dia de natal com a família reunida, os filhos e o ex-rei.
Organizei uma passagem de ano em minha casa.
Cedi ao pedido da miúda de passar a meia noite em casa de uma amiga vizinha.
Comi as doze passas como manda a tradição embora não goste de passas (passas, só se for esta).
Agradeci e fiz um pedido (ou talvez dois). 
Entrámos no novo ano alegres e divertidos, e uma hora depois estávamos tristes e desiludidos porque um dos miúdos se portou menos bem.
Constatei na balança mais três quilos.