sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Sabes que estás a ficar (mais) velha... II

Sabes que estás a ficar (mais) velha, quando não vais fazer nuances (ou madeixas, nunca percebi a diferença, mas também nunca me debrucei por perceber) há mais de três meses , e a tua raiz castanho avelã te mostra, que afinal, no meio desses milhares de cabelos castanhos que povoam a tua nuca, há dois novos seres, brancos! 

Sim, sabes que estás a ficar (mais) velha, quando isto te salta à vista. Ali estão eles. São dois. Não têm mais de sete centímetros (o que significa que apesar de o meu cabelo crescer a um ritmo considerável,  eles já cá estão há pelo menos três meses - e eu NUNCA os tinha visto!), são bastante mais encorpados que os outros cabelos, que primam pela sua finura, e de tão encorpados que são (entenda-se grossos, mesmo), estão completamente espetados no ar.
E são dois. Pelo menos, no meu campo de visão.
Quer-se dizer, eram dois! Já os arranquei. 
Não eram bem vindos. Não os convidei. Não os mandei entrar, nem tão pouco ficar. 
Por isso, vão à vida deles, vão povoar outras cabeças que não a minha. 
Eu estou bem assim. E ainda não entrei nos entas, não senhora. Os gajos devem ter-se enganado. 
E também não acredito nessa treta de que arrancas um, e nascem sete. Não acredito.
Mas... assim com'á assim, é melhor ir marcar o raio das nuances. Caso a profecia se dê, a coisa sempre está mais disfarçada...

E eu que até achava que nem andava a fazer má figura com esta raiz enorme, porque até dava um certo ar de californianas, e andava a poupar uma pipa de massa...

Decisão tomada. Mais um membro para este reino!

Decisão tomada.
Após reunião familiar, a decisão está tomada.
Vamos ter um novo cão/cadela (o sexo vai depender da disponibilidade).
Depois da morte da J., os príncipes lá do reino entraram em discordância quanto à introdução de um novo membro na família.
Ele, claramente queria JÁ, embora se debatesse com a questão do sentimento que a J. teria relativamente a ele, agora que estava no céu, e o visse feliz junto de outro animal. Será que ela vai pensar que a estou a substituir?
Descansei-o em relação a essa dualidade de sentimentos que pairavam naquela cabeça/coração. Por isso, para ele, decisão tomada. E era JÁ.
Ela, claramente queria, mas só daqui a algum tempo. Achava que devíamos estar algum tempo a fazer o luto, e depois sim, poderíamos pensar no assunto.
Uma semana volvida, e após reunião familiar, chegámos todos à conclusão, que a casa nos parece demasiado vazia.
Breve discussão sobre a raça. Muito breve, porque todos concordámos que nos vamos manter fiéis, apesar das várias investidas de familiares e amigos sobre as mais diversas raças.
Breve discussão sobre o sexo. Sempre tivemos meninas, mas a ansia é tal, que já percebi que é mais ou menos o que houver... 
Este fim de semana vamos em busca do nosso futuro companheiro/a.
A real discussão vem a seguir. Que nome dar?
Aceito sugestões...

Limpezas no meu carro, não. Obrigada.


Sou um bocado picuínhas com a casa, a limpeza e a arrumação. Não sou doente nem maníaca com isto, mas gosto de ter tudo no devido lugar, gosto de coisas limpas, e não consigo por exemplo esticar-me  a ver um filme, se a sala não estiver arrumada. Quem está próximo de mim sabe disto, e não raras vezes me chateio com quem está próximo (as minhas crias, pois claro) por ter encontrado um par de meias sujas entre as almofadas do sofá, a toalha do banho caída junto ao bidé, ou mesmo roupa suja misturada com roupa lavada, assim a modos que feira de domingo, dentro do roupeiro da princesa (claramente, a maneira mais rápida de arrumar um quarto, quando a mãe solta um grito ultimato).

Não sou no entanto, absolutamente nada picuínhas com o meu carro. Nunca fui. Ao contrário da minha casa, o meu carro espelha o que de mais porco e javardo pode haver. Pode parecer um paradoxo, já que devo passar tantas horas lá dentro, quantas passo esticada no meu sofá…

Mas ter um carro assim, dá sempre jeito. Encontram-se as coisas mais incríveis, mas que podem a qualquer momento dar jeito. Um chapéu de chuva, com duas ou três varetas partidas, mas que abriga daqueles chuviscos imprevistos, um casaco enrolado e sujo que ficou esquecido há meses, mas que serve para agasalhar no momento em que te apercebes que o teu filho voltou a esquecer-se do dele na escola, uma garrafa de água a cheirar a bafio, mas que num momento de secura eu bebo sem pestanejar (e sem respirar), e muitos, muitos lenços de papel ranhosos, e secos, e acima de tudo reutilizáveis.

Para quem sofre de renite alérgica, e para quem, como eu, se esquece sempre de trazer um macinho de lenços novo na carteira, ter um carro assim, é um luxo. É por isso dramático, quando ponho o carro para lavar. Que nem foi o caso de hoje (não é limpo e lavado há mais de um ano, e digo-o sem qualquer tipo de vergonha ou constrangimento). Mas ontem, emprestei o carro a um colega de trabalho, e quando ele voltou, disse-me com aquele ar com que eu digo à minha filha, estive a dar um jeito no teu quarto, estive a dar um jeito no seu carro…Seguido de, aquilo precisava de uma aspiradela .

Ora a aspiradela (coisa que ele não fez), até dava jeito. Ter-me despejado as portas de todo o lixo que lá se encontrava, é que foi o fim… Hoje, enquanto percorria os 20 km que separam a minha casa do meu escritório, coisa que com trânsito faço em 45 min, deu-me um daqueles ataques de espirros (quiçá pelo pó acumulado no habitáculo), e eis que… nem um! Nem um lencinho sobrevivente àquela limpeza alheia à minha vontade. Foi o desespero.

A solução foi o talão da portagem, acabadinha de pagar. Rijo como tudo. Não limpa grande coisa. Nada aconselhável, portanto.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Quando tu pensas que a fase dos porquês já passou...

Quando tu pensas que a idade dos porquês já acabou, e és invadida por uma avalanche de perguntas...

(a propósito da morte da nossa cadelinha, a J.)

Príncipe:
1- Mãe, achas que a J. ficava muito triste se nós tivéssemos já outro cão?
2- Achas que ela está no céu?
3- Achas que o tamanho do céu é infinito?
4-Tem de ser infinito não tem?
5- Se não, como é que os milhões de pessoas que já morreram, e os milhões de animais, cabiam lá?
6- Se as pessoas depois se reencontram todas no céu , porque é que ficam tão tristes quando morrem?

Tudo assim, seguidinho. De rajada.

Onde é que está o manual, que eu já não estava habituada a isto....

O nosso reino ficou mais pobre...


O nosso reino ficou mais pobre.
Há uns dias perdemos o nosso animal de estimação. A nossa J.
Estava connosco há já dez anos. 
Sei que a princesa a adorava, mas o príncipe tinha uma verdadeira loucura por ela.  
Sabia por isso, o desgosto que ia ser num momento destes, até porque já tínhamos perdido a nossa B. há um ano atrás, precisamente.
Compreendo que quem não tem animais, não saiba avaliar o  amor e a dedicação que se pode ter por um simples cão, ou um simples gato. Compreendo que quem não tem animais, não saiba avaliar o sofrimento que é, ao vê-los partir.
A J. fazia parte da família.
Os meus filhos choraram muito a sua morte.
O meu filho foi gozado por um colega, por estar a chorar por um cão.
O meu filho foi gozado por um professor por estar a chorar por um cão.  ("se fosse por um avô ou por uma avó, até compreendia...  - disse ele).
Eu é que não compreendo. Não compreendo mesmo.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Alguém sabe como alimentar (calar) o Pou????

Não jogo jogos. Ponto.
Apesar de ser invadida com dezenas de convites diários dos meus vários amigos do face. Fulano tal convidou-te para jogares Solitaire Arena, fulano tal convidou-te para jogares Candy Crush, e por aí fora. Não jogo. Ponto. Nem vale a pena enviarem-me os convites, que eu não tenho tempo nem paciência para essas tretas.
Quem olha para o meu telemóvel no entanto, deve pensar que eu sou uma jogadora nata. Tenho o ecrã cheio de ícones de jogos, tudo coisas que o meu filho me instala, e que me rebenta com a bateria em três tempos, mas que eu, vou deixando.
Pois que este fim de semana, nasceu um novo ser no meu telemóvel, de seu nome Pou. O Pou parece-me ser uma nova versão dos tempos modernos, do velhinho tamagochi. Parece-me. Não perguntei ainda ao entendido na matéria, que a esta hora está na escola. Parece-me, porque o bicho já se fartou de fazer ruídos estranhos, seguidos da clara informação no meu ecrã : Pou is hungry.
Acontece que acabou de fazer este ruído mesmo no meio de uma reunião, com um daqueles clientes cheios de nove horas. E a coisa assemelha-se mais ou menos a um arroto, quiçá mesmo um pum. Constrangedor portanto. Muito constrangedor.
Não sei como calar o bicho. Não sei tão pouco como alimentá-lo para que o cale.
Pode ser que até logo, morra à fome.
Há esperança.


terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Ninguém disse que era fácil ...

Foi há um ano e dois meses que me separei. Foi uma decisão difícil, acima de tudo pelos miúdos. E principalmente, porque não havia mau ambiente em casa, discussões, ou algo que os pudesse levar a pensar que os pais poderiam tomar este tipo de atitude. Sabia que iria ser um choque para eles, e isso, acima de tudo fazia-me sofrer.
 
Julgo que soubemos conduzir o processo da melhor forma, e dado o facto de mantermos uma excelente relação, tem ajudado no equilíbrio deles, assim como no nosso (e se nós estivermos equilibrados, é meio caminho andado para eles estarem também).
 
Ele é, e sempre foi um excelente pai, e continua a estar presente quase diariamente na vida dos filhos. No entanto, há horas em que me sinto cansada. Ninguém disse que era fácil, e de facto não é.
Na hora de tomar decisões sobre qualquer assunto relacionado com eles, conversamos os dois, decidimos os dois.
No entanto há (muitas) horas, em que isso não acontece, por serem coisas de rotina, do dia a dia ...
Às vezes sinto que posso estar a ser muito tolerante, outras vezes sinto que posso estar a ser rígida demais. Às vezes sinto que me foge o meio termo e é nesse meio termo que sinto falta de apoio.
Às vezes sinto que não dou a atenção devida, porque chegamos a casa, e entre banhos, jantar e afins, chegou a hora de dormir. E depois há os dias em que chegamos, e saímos a correr, porque há o futebol dele, e a explicação dela, e depois o jantar, e um TPC a correr para não levar falta de material, e depois, a hora de dormir. Sendo que, a hora de dormir, não é de todo a aconselhável a duas crianças... 
 
A hora de deitar é um dos exemplos em que sei que estou a falhar por tolerância a mais... Todos os dias, quando o ponteiro passa já a passos largos das onze da noite, e depois de ter ordenado mais de trinta vezes para se deitarem, levanto a voz, gesticulo, solto a frase já rotineira "amanhã ás 9.30 estão na cama!!!", e no dia seguinte a situação repete-se.
Sinto que tenho de fazer um esforço, porque sei que no tempo em que o rei pai estava em casa, isto não acontecia. E nestas alturas penso logo numa daquelas frases celebres da minha mãe "a voz de um homem faz muita falta numa casa...".
 
Hoje vou tentar que hora da "deita" seja mais cedo do que o habitual, sem voz grossa e sem braços no ar. Vou tentar.
Ninguém disse que era fácil. Não é. Mas eu sou capaz...

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Em dia de aniversário...

Hoje (ontem, porque já passa da meia noite), fiz anos.
Breve reflexão sobre o meu dia:
Meia noite de Domingo, e estavam a cantar-me o parabéns na praça de alimentação do colombo, seguido de um segurança a expulsar-nos do local, porque o centro estava a fechar. A começar em grande, portanto.
Não tive coragem de dizer ao senhor segurança, que até me olhou com alguma comiseração, que estava ali só mesmo a fazer tempo, para ir buscar a minha princesa que tinha ido à sua primeira incursão pela vida noturna, ali mesmo ao lado, no colégio militar, e que isto de passar a meia noite no colombo, não era propriamente o ideal dos meus sonhos...

Tinha colocado como limite de horas para ir buscar a princesa e a sua grupeta, à meia noite e meia, o que me pareceu razoável para quem sai pela primeira vez. Com SMS's de "mãezinha querida", "por favooooorrrrr" entre outros, completamente graxistas, a corda esticou até à uma da manhã. Vai daí, que a praça de alimentação do colombo, foi substituída por uma cervejaria mesmo ali ao lado do colégio militar, onde decorria a baita festa, e foi aí que bebi o belo do gin tónico, e brindei com os meus companheiros de espera (e amigos), ao meu aniversário.

Com isto, cheguei a casa quase às duas da manhã, dei indicações à princesa acerca do modus operandi de abrir o gavetão da sua cama, o local onde estavam os lençóis, edredons e afins, para que pudesse acolher a amiga que convidou para dormir cá em casa. Congratulei-me por perceber que se são crescidas para sair, também o são para este tipo de coisas. Porque eu mal conseguia manter as janelas (pálpebras) abertas, e olhando para elas, cheias de genica àquela hora, pensei se de facto será da idade, que estou a perder a estaleca para estas coisas...

Acordei às 11 da manhã, feliz da vida porque o telefone não tocou uma única vez durante toda a manhã, o que me permitiu dormir nove horas seguidinhas, coisa que já não acontecia há muito. Meia hora depois acordou a princesa, que dado o facto de eu estar presa ao telemóvel (ninguém ligou até às 11, mas depois ligou TODA a gente ao mesmo tempo), fez o seu pequeno almoço e o da amiga : sumo de laranja natural e  croissants torrados com queijo e fiambre. Congratulei-me novamente de a ver tão autónoma e desenrascada, e no embalo, pedi-lhe que arrumasse o quarto, e me desse uma ajuda, que isto de acordar às 11, receber trinta chamadas de seguida, dizer cinquenta vezes obrigada, fazer a conversa do costume "não ainda não cheguei aos entas..." e etc mais uns quantos obrigada, não estava fácil ...
 
O príncipe chegou entretanto, que tinha aproveitado a deixa da irmã, para dormir em casa de um amigo, muito meloso, e muito querido, porque era o meu dia. Entre os telefonemas, percebi que me tinha esquecido de tirar de véspera uma porcaria qualquer para fazer o almoço, e nestes casos, nada como improvisar uma massa. Cozi um brócolos, salteei uns camarões , cozi um esparguete, e quando me preparava para misturar tudo e empratar, a amiga da minha filha soltou um tímido "não gosto de camarão". Bolas, quem é que não gosta de camarão? Ok. Vai de massa de atum com brócolos para ela, um pacote de natas à mistura, e um aspeto tipo acabado de vomitar, mas devia estar bom, porque ela comeu que se fartou.
 
Arrumar a cozinha, mais uns quantos telefonemas, e comecei a fazer o bolo com que iriamos cantar os parabéns, à noite, no jantar que tinha resolvido organizar, na ante véspera. Tinha de chegar para os 24 adultos e as 15 crianças/adolescentes, e as formas são reduzidas. Daí que o dito, tinha quatro camadas (pão de ló + chocolate intercalado), recheado com chantilly, morangos, coberto com chocolate. Parecia um double cheese, ainda fui gozada pelo aspeto caricato do dito, mas estava maravilhoso (disseram todos...).
 
Vesti a fatiota que os meus filhos me ofereceram (um fato de saia e casaco que eu escolhi, embora eles achem que foi o pai...), e lá fui para o restaurante, onde estavam todos os amigos que convidei, à exceção de um casal contaminado com esta ultima virose de vómitos e diarreia (não quero, obrigada).
Foi giro, divertido, comemos bem, pagámos pouco, e para o ano há mais, se Deus quiser.
E pronto, é isto. Estou na reta final dos intas.
 

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Há histórias de amor que são para sempre. E depois há as outras...


Há histórias de amor que são para sempre, como nos contos de fadas. Há histórias de amor, que nunca acabam.
E depois há as outras…

A minha história começou há 17 anos. Eu não queria nem me sentia preparada para uma nova relação, mas a verdade é que de cada vez que o via, o meu coração parecia que saltava do peito, as minhas pernas fraquejavam, e quase que sentia vontade de inalar uma bombada de ventilan (essa minha velha companheira de anos). Mas, casmurra, tentava ignorar estes sinais, e transparecia indiferença de todas as vezes que o via, embora ficasse angustiada quando isso não acontecia.
Valeu a persistência dele, com sorrisos tímidos e mensagens enviadas por amigos em comum, que na altura não havia ainda telemóveis, e como tal, nada de SMS e afins, tão comuns nos dias de hoje…  Foi a esses amigos que autorizei o fornecimento do meu contato telefónico, o numero de casa, e foi desse telefone arcaico (daqueles pretos antigos, que nem teclas tinha – apesar de já os haver na altura…) que falámos pela primeira vez.
Foi um namoro bonito, simples, harmonioso e pleno de amor. Tão pleno, que acabei por engravidar da nossa primeira filha um ano e meio depois. Eramos ainda muito novos. Eu com 24. Ele com 21. Mas ela veio fortificar os nossos laços, e ter a certeza de que queríamos construir uma família juntos. Assim, três anos depois,  nasceu o nosso segundo filho. O cão veio completar o ramalhete.
Quinze anos volvidos, e porque em todas as histórias de amor há altos e baixos, decidimos quebrar os votos que outrora nos tínhamos comprometido a não quebrar.
E hoje, não vivemos juntos. No entanto, e por muito que outras histórias de amor se intercedam no nosso caminho, há um laço que nos une para sempre que são os nossos filhos. E esse laço é feito de amor. Por isso, muito embora possa não ser o conto de fadas tradicional, e muito embora cause estranheza à maioria das pessoas (porque causa), vivo com a convicção de que esta história de amor é assim… para sempre.   

Moral da história

Às vezes olho para o meu sobrinho de dois anos e tenho imensas saudades dos meus filhos nestas idades, assim pequerruchos, em que com um só braço o carregas no colo, e com os dois o embrulhas no teu peito. Tenho saudades do cheiro a bebé e a creme mustela, tenho saudades até do cheiro a azedo porque bolsou. Tenho saudades das graçolas, e da fase dos porquês. E há tantas, tantas coisas que uma pessoa por mais que não queira, se esquece, com o tempo... Devíamos andar constantemente com uma Gopro na cabeça, para poder registar todos estes momentos engraçados e espontâneos que se nos vão apagando da memória... Ontem, enquanto procurava uns papeis numa gaveta a que eu chamo "ninho de cão" (gaveta onde encontras desde papeis super importantes, a velas, pilhas, carregadores de telemóveis de mil novecentos e troca o passo, e que nunca mais na vida vais usar, fotografias soltas, botões, e afins), encontrei esta composição do príncipe cá de casa, escrita há quatro anos, e que me fez transportar para um tempo em que ele não era já um bebé, mas era muito mais pequerrucho e inocente do que é hoje...

"Era uma vez uma borracha que tinha um grande rival.  Era o papel.  Porque o papel quando tinha escrito alguma coisa, ela apagava. Ele ficava tão furioso, tão furioso,  que lhe disse que se ela apagasse mais uma vez, chamava a sua irmã, a papeloca,  porque disse que a Papeloca era muito forte.
Na manhã seguinte o papel levou a sua irmã Papeloca á borracha. A borracha perguntou:
-Que tipo de papel é a tua irmã?
-Papel cavalinho!
-O que vamos fazer é um acordo, a tua irmã não me bate e eu não apago.
Mas como a borracha era esperta, ela cada noite apagava um bocado.
Num dia o papel  foi-se ver ao espelho, se estava elegante e viu que lhe faltavam umas coisas escritas.
 Foi a casa da borracha e ela viu que quando o papel se aproximou atrás vinha a irmã papeloca, e a borracha com medo, fugiu a correr a gritar desculpa, e o papel e a papeloca desataram-se a rir.
Moral da historia : nunca mintas."
 
nota: o facto da moral não se enquadrar bem na história, não interessa nada... O que interessa é que a moral esteja sempre presente...

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

O sonho comanda a vida

Uma grande percentagem dos rapazes quando lhes é perguntado "o que queres ser quando fores grande", responde "jogador de futebol".
O meu filho não foge à regra.
Desde muito pequeno, o sonho era o futebol.
E eu e o pai, contrariávamos  sempre a resposta. "ah, e tal... tens de pensar noutra coisa... estudar, e tal, e pardais ao ninho...", até que o miúdo começou a dizer umas coisas, tipo economista, medico, eletricista, nitidamente, a primeira profissão que lhe vinha à cabeça.


Nunca o proibimos de jogar futebol, e por isso jogava no clube do colégio, uma coisa saudável (dizíamos nós), e por pura brincadeira.

E todos os anos, lá vinha a questão "é este ano que eu posso ir para um clube a sério?"
Conseguimos adiar até este ano.
O clube a sério, não passa de um clube de aldeia, daqueles que ninguém conhece, numa freguesia aqui perto, e que disputa (assim me parece - não sou muito entendida na matéria), o campeonato distrital.


Há coisas que vêm de facto nos genes. Nunca o incentivamos (antes pelo contrário), e o miúdo tem queda para a coisa. A ver: do lado paterno, o bisavô foi jogador. O avô foi jogador. O tio avô foi jogador. O pai foi jogador. O tio foi jogador. O primo é jogador. 

Dado o histórico familiar, preconceito em relação à profissão, nunca houve nenhum. No entanto, ambicionamos sempre para os nossos filhos, o melhor. E conhecendo de perto a realidade desta carreira, e principalmente a sua curta duração, não era de todo o que ambicionávamos para o nosso príncipe.
No entanto, nunca o vi tão feliz como agora. 
E é feliz que o acompanho a todos os jogos, porque não posso nem devo travar-lhe um sonho.


Por isso, ontem, quando chegámos a casa e ele me pediu para ver a entrega da bola de ouro, sentei-me ao seu lado, e juntos vivemos a emoção de a ver entregue ao Cristiano.

E vi espelhado nos seus olhitos brilhantes, o sonho de um dia estar naquela mesma posição.
Ele só tem onze anos e tem um sonho.
E eu estarei cá, para o orientar e apoiar, porque já dizia o poeta, o sonho comanda a vida...

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Sabes que estás a ficar (mais) velha...


Sabes que estás a ficar (mais) velha, quando a tua filha sai de casa com a tua camisola vestida,  depois de te ter deixado o armário todo revirado, em busca do look perfeito.

Sabes que estás a ficar (mais) velha, quando te estás a maquilhar, e que raios, onde se enfiou o rímel, que desapareceu, e procuras, na cesta da maquilhagem, e por trás da cesta, não vá ter caído, e acabas por sair de casa com as pestanas despidas, porque o rímel (descobriste mais tarde), acabou por ir parar (sabe-se lá bem como, nem porquê), ao estojo escolar da tua filha.

Sabes que estás a ficar (mais) velha,  quando abres o armário e os pensos higiénicos desapareceram todos, quando ainda no outro dia compraste três embalagens (mas esta miúda vende pensos na escola?).

Sabes que estás a ficar (mais) velha, quando a largas sozinha com as amigas no centro comercial, e ela te aparece com um soutien novo almofadado.

Bolas, esta princesa está a ficar crescida, gira, e qualquer dia aparece-me com um marmanjo como namorado.
E esta rainha, não está preparada para isso...

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Uma rapariga normal...

Sou uma rapariga normal (a uma duzia de meses de entrar nos entas, mas continuo a dizer "uma rapariga" em vez de "uma mulher"). 
Trabalho, fora de casa, em casa. Cozinho (adoro cozinhar). Gosto muito de receber amigos em minha casa (adoro cozinhar para os amigos). Gosto muito dos meus amigos. 
Adoro Gin Tonico. Gosto de cinema. Tenho um  cão. Tive peixes. 
Passar a ferro tira-me o stress (embora pareça loucura). Passar camisas a ferro dá-me um certo stress. 
Gosto muito de sobremesas e bolos. Sou louca por chocolate (super fã do preto). 
Adoro moda, e roupa, e malas, e botas e sapatos. Ando (quase) sempre de saltos altos. Gosto de maquilhagem, mas nunca ponho batom. 
Gosto de passear. Gosto do verão, e do sol, e de passear á beira mar. 
Amo de paixão as gargalhadas dos meus filhos. Amo a minha família. 
Sou do sporting (porque o meu pai também era).
Adoro caracóis. E tremoços. E todos os petiscos.
Gosto de escrever. Gosto de musica (embora não seja nada entendida na matéria). 
Gosto de sofá e manta em dias de chuva.
 Amo de paixão ouvir as histórias dos meus filhos (e rir-me com eles).
 Adoro decoração. Gosto de sangria e caipiroscas. Gosto de cinema. Gosto de ler. 
Amo de paixão ver os meus filhos felizes. 
Gosto de todas as cores (talvez menos de grená). Gosto de teatro. Gosto do campo, e da terra, e gostava de ter uma horta. Amo de paixão ser mãe.
Enfim...Uma rapariga normal...
Ah! Não gosto de ervilhas. E os meus filhos também não.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

um blog...


Quando eu era ainda uma jovem princesa , aí no cimo dos meus 10 anos , pedi de presente ao meu avô uma máquina de escrever . Para escrever um livro , disse lhe eu ! 
Perante tamanha convicção , e julgo que na expectativa de poder ver concretizado esse meu sonho de criança , o meu avô ofereceu-me a máquina . E deve ter sido o melhor presente que recebi até hoje , a par do meu primeiro diário .


 Durante anos , usei e abusei da máquina , como se não houvesse amanhã . Julgo até que o problema que tenho no ouvido direito , poderá ter sido causado pelo barulho ensurdecedor das teclas   . E não ter ficado com uma tendinite crônica no braço direito , já foi uma sorte  (sim, escrevia  apenas com os deditos da mão direita...)!
Escrevia muito, mas nunca grandes textos. Eram apenas páginas soltas...
O sonho de escrever um livro , foi diminuindo á medida que a máquina foi deixando de fazer barulho . 
De quando em vez , após tantos anos passados , o meu avô ainda me pergunta pelo livro . Eu esboço sempre um sorriso . A máquina continua guardada , e inerte há muito tempo . O sonho , esse ,dissipou-se com o tempo . A vontade de escrever está cá sempre , como um bichinho . Sei que não tenho dotes de escrita , para um livro (nem para um blog ). Mas como antigamente , apetecem-me as páginas soltas ... 
Assim , um destes dias , quando a pergunta surgir novamente , vou dizer : não escrevi um livro mas escrevo um blog (já o estou a ver a inchar de orgulho, mesmo desconhecendo a palavra por completo). 
É isso. Escrevo um blog...Mesmo que seja só para mim ! 



O primeiro dia...


Quando os meus filhos eram mais pequenos, tinha por hábito contar-lhes uma história à noite.
E em regra, quando algum deles se portava mal, ou lhes queria dar uma lição sobre qualquer coisa relevante que tinha acontecido nesse dia, transportava isso para a história da noite.
 
E a história tinha sempre uma Rainha (eu), um Rei (o pai), uma bela princesa e um belo príncipe (eles), que viviam num castelo (a nossa casa).
O nosso reinado (a nossa vida), tinha (e tem) percalços que nos afetam, e que eu entendia explicar-lhes desta forma. Eram  as ervilhas da nossa vida.
Que nos incomodam, que não nos deixam por vezes dormir descansados, tal como à princesa do conto.
 
Hoje, já não lhes conto a história desta forma, mas quando me decidi, assim quase como que num impulso a criar um blog, foi o nome que me ocorreu, porque afinal,  continuo a ser a Rainha do meu reino. Uma Rainha apartada do Rei (apartada é um termo do meu avô, que eu acho lindo : "mas afinal porque é que vocês se apartaram??"), com uma princesa adolescente, um príncipe pré adolescente, e um reinado com as típicas ervilhas da vida...