sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Limpezas no meu carro, não. Obrigada.


Sou um bocado picuínhas com a casa, a limpeza e a arrumação. Não sou doente nem maníaca com isto, mas gosto de ter tudo no devido lugar, gosto de coisas limpas, e não consigo por exemplo esticar-me  a ver um filme, se a sala não estiver arrumada. Quem está próximo de mim sabe disto, e não raras vezes me chateio com quem está próximo (as minhas crias, pois claro) por ter encontrado um par de meias sujas entre as almofadas do sofá, a toalha do banho caída junto ao bidé, ou mesmo roupa suja misturada com roupa lavada, assim a modos que feira de domingo, dentro do roupeiro da princesa (claramente, a maneira mais rápida de arrumar um quarto, quando a mãe solta um grito ultimato).

Não sou no entanto, absolutamente nada picuínhas com o meu carro. Nunca fui. Ao contrário da minha casa, o meu carro espelha o que de mais porco e javardo pode haver. Pode parecer um paradoxo, já que devo passar tantas horas lá dentro, quantas passo esticada no meu sofá…

Mas ter um carro assim, dá sempre jeito. Encontram-se as coisas mais incríveis, mas que podem a qualquer momento dar jeito. Um chapéu de chuva, com duas ou três varetas partidas, mas que abriga daqueles chuviscos imprevistos, um casaco enrolado e sujo que ficou esquecido há meses, mas que serve para agasalhar no momento em que te apercebes que o teu filho voltou a esquecer-se do dele na escola, uma garrafa de água a cheirar a bafio, mas que num momento de secura eu bebo sem pestanejar (e sem respirar), e muitos, muitos lenços de papel ranhosos, e secos, e acima de tudo reutilizáveis.

Para quem sofre de renite alérgica, e para quem, como eu, se esquece sempre de trazer um macinho de lenços novo na carteira, ter um carro assim, é um luxo. É por isso dramático, quando ponho o carro para lavar. Que nem foi o caso de hoje (não é limpo e lavado há mais de um ano, e digo-o sem qualquer tipo de vergonha ou constrangimento). Mas ontem, emprestei o carro a um colega de trabalho, e quando ele voltou, disse-me com aquele ar com que eu digo à minha filha, estive a dar um jeito no teu quarto, estive a dar um jeito no seu carro…Seguido de, aquilo precisava de uma aspiradela .

Ora a aspiradela (coisa que ele não fez), até dava jeito. Ter-me despejado as portas de todo o lixo que lá se encontrava, é que foi o fim… Hoje, enquanto percorria os 20 km que separam a minha casa do meu escritório, coisa que com trânsito faço em 45 min, deu-me um daqueles ataques de espirros (quiçá pelo pó acumulado no habitáculo), e eis que… nem um! Nem um lencinho sobrevivente àquela limpeza alheia à minha vontade. Foi o desespero.

A solução foi o talão da portagem, acabadinha de pagar. Rijo como tudo. Não limpa grande coisa. Nada aconselhável, portanto.

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