terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

O Factor X no nosso reino

O factor X era o nosso programa de domingo à noite. Nosso, de quinze em quinze dias (já que alternam os fins de semana comigo e com o pai), meu todas as semanas.
A discussão inicial passava sempre pela hora e nunca pelos candidatos. Até que horas poderiam assistir. Passada esta fase em que parecia que estávamos na feira a negociar o preço de uma camisola (coisa para que nunca tive jeito, daí talvez a minha tendência para ceder sempre mais um bocadinho na hora, e eles ficarem na maioria das vezes claramente em vantagem na negociação), passávamos à fase dos favoritos no programa.
Eu que sou um coração mole, gostava de todos.
A princesa gostava muito dos Aurora. Nunca cheguei a perceber se pela performance musical, ou por serem giros como tudo.
O príncipe de início tinha uma predileção pelo Berg porque ainda estávamos na fase das audições, quando nos cruzámos com ele numa bomba de gasolina. Eu ia leva-lo a ele e a um amiguinho ao treino de futebol e o Berg viu-os equipados e meteu conversa com eles. Foi o fascínio. Desde essa tarde, viveu na ilusão de que  um dia o Berg ainda faria referência ao dia em que viu aqueles dois meninos equipados de futebol numa bomba de gasolina. E de cada vez que vamos àquela bomba, ele vai na esperança de o reencontrar.
Com o tempo, começou a dividir-se entre o Berg e o D8. De tal modo, que sabe quase todas as letras de cor e salteado, e passa a vida a trautear o rap do miúdo.
A final do Factor X, via-a sozinha.
Dos três finalistas eu, torcia pelo Berg. Não por o ter encontrado na bomba, e ele ter sido extremamente simpático com o meu filho. Mas talvez pela razão da maioria dos votos na sua vitória. Indiscutivelmente uma excelente voz. Mas a idade, a oportunidade nesta fase da sua vida, o ter dois filhos com idades próximas dos meus, isso pesou no meu voto. E o facto de achar que a Mariana com a idade que tem e todo aquele talento, terá oportunidade de singrar também. Assim como o D8.
Ontem fizemos o rescaldo. E sem ter-lhes dito o que pensava, a minha filha disse-me exatamente o mesmo.  Ele manifestou-se contente com a vitória do Berg sem fazer grandes comentários.  
E quando eu estava já a arrumar a cozinha e ele estava no sofá, com a televisão ligada, mas de ipad na mão, a decorar as letras do rapper, deu um grito mãe anda cá rápido! O Berg está a falar! E lá estava o Berg no jornal da noite, a fazer o rescaldo da vitória. E não sei se ele ficou desiludido, mas ainda não foi desta que ele falou nos meninos da bomba de gasolina...
 
 

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