quarta-feira, 30 de abril de 2014

Quem vai à guerra, dá e leva.



O meu filho está prestes a fazer doze anos, mas parece que tem nove ou dez. É pequenino, franzino, e esta semana fez uma festa porque viu na balança um auspicioso trinta e um. Ultrapassar a barreira dos trinta kg, percebi nesse instante, era (para ele) talvez passar a barreira da criança, para o pré-adolescente. Não quis estragar-lhe a festa, dizendo-lhe que pesar-se ao fim do dia, completamente vestido e calçado, era assim mais ou menos um acto enganoso. Coisa que eu,  nunca, jamais faria, uma vez que ao invés dele, ver números enganosos na balança, pode ser traumatizante.

Sei que até hoje, ser o mais pequeno da turma, o mais pequeno da equipa de futebol, o mais pequeno de tudo, não o tem afetado. Convive bem com isso, e sei que está habituado (muitas vezes por culpa nossa) a inúmeras comparações de filhos de amigos substancialmente mais novos, e com mais três palmos do que ele. No entanto, se o miúdo não dá um pulo (e pode ser que seja este verão - há anos que andamos com esta lenga lenga), sei que está para próximo, a fase em que isso de certa forma o irá afetar. E palpita-me que seja já na entrada do terceiro ciclo. 

Ontem pela primeira vez, ouvi-o relatar uma cena de violência, em que ele foi o interveniente. No balneário, viu um miúdo do 4º ano (dois anos mais novo, portanto) a mexer na mochila de um colega dele. Aproximou-se do miúdo, e de  dedo indicador espetado disse-lhe "isso não se faz", com uma entoação, como se estivesse a falar para uma criança de dois anos. O outro, quiçá por não ter gostado da forma, não foi de modas e espetou-lhe de imediato com um pontapé nos tins-tins. E o meu, respondeu com um pontapé nas canelas, agarrou-lhe na parte de trás da cabeça, empurrou-a até quase ao chão, e novamente de dedo indicador espetado, e com a mesma entoação, disse-lhe "isso não se faz". Virou costas, e veio-se embora. 

Ouvi este relato pormenorizado, e pensei duas vezes no que lhe dizer. Se tinha feito bem ou  se devia ter falado com uma auxiliar em vez de ter respondido na mesma moeda. Depois ele mudou de assunto rapidamente, e eu nada disse. Sempre ouvi dizer que quem vai à guerra, dá e leva. Sei que ele nunca foi miúdo de bater em ninguém, e até foge deste tipo de confusões. Sei que a advertência que ele fez ao outro, foi na defensiva do seu colega, e com a pespectiva de que era um acto errado. Sei que o outro, sendo dois anos mais novo, é mais alto e mais encorpado do que ele. Sei que isso, deve ter pesado consideravelmente no impulso do pontapé nos tins tins. E por isso, não condenei o acto de defesa. 
O verão está aí. Espero que seja este ano que ele dê o pulo.

2 comentários:

  1. Agora o que estar na moda é ser maricas e conas. Boa puto, chega-lhe.

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  2. Ê pá, Panurgo, podias ter acrescentado "de sabão". :)

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