terça-feira, 3 de março de 2015

Cabra

Apesar de não me ter sido concedido o dom de parir filhos anjos, não tenho tido grandes razões de queixa, dessa ingrata que me entrou pela porta dentro, sem aviso prévio, essa cabra: adolescência. Não. Não tenho tido grandes razões de queixa, a comparar com o que vejo em portas alheias. O miúdo, caminha devagar para aquela  adolescência temida, uma resposta sempre pronta, uma ou mais reclamações por dia, a constatação quase diária desta vida injusta.

A miúda, muito mais calma, muito mais pacata, ela sim, a caminhar com passos largos nessa cabra adolescência, pura e dura, salvo numa ou noutra situação, é uma paz d'alma. Mas temo. Temo veementemente que esta acalmia tenha os dias contados. E dei por mim a proferir a frase, outrora deveras utilizada pela minha mãe, coitada, também ela tão fustigada por essa cabra adolescência. "a escola onde tu andas, já eu lá fui professora".

Agora sim, tenho a certeza que terei de ver as cinquentas sombras. Pelo menos, terei a certeza do que ela verá. Sim, porque ter sido apanhada, ela e as suas comparsas, de bilhetes já comprados para o dito filme, depois de lhes ter sido negado tal pedido, e de verem os bilhetes trocados por uma comédia sem o conteúdo apetecível, tenho a certeza de que a curiosidade ficou mais aguçada ainda. E a escola onde ela andou, já eu fui professora. E ainda me parece que foi ontem.
Bolas para a adolescência. Essa cabra. Essa puta.

24 comentários:

  1. Receios que por aqui habitam também, há que deixar rolar e esperar que role para o lado certo.

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  2. Cá abracinho e tem lá calma. É um tempo maravilhoso. Para eles...

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    1. A seu tempo, também te darei o ombro! E te recordarei o tempo maravilhoso, para eles! ;) é tão, tão rápido... Beijos!

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    2. ahahahahahahahah isto é giro nos outros, quando me tocar a mim mãe é que vai ser, ui ui.

      Bjos Rainha

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  3. Ahahaha! Eu fui uma adolescente muito certinha, realmente. Nunca tive coragem para fazer grandes loucuras.

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    1. bem, também espero não me deparar com grandes loucuras... a avaliar pelo que ouço, esta, foi uma pequena loucura... ;)

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  4. Do filme, nada a recear, dizem que se vê coisa "pior" ao domingo à tarde.
    Vai correr bem. (O tempo não pára, mais vale sorrir com eles :)

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    1. A mim o que me chateia, não são as cenas de sexo em si. Mas a humilhação feminina, entre outras coisas, que não sei se ela terá maturidade para avaliar...

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  5. Aqui estou Rainha para fazer o relatório devido e prometido em relação ao filme do "demo"!
    Pois bem, o filme não tem nem metade daquilo que é descrito nos livros, para ser sincera, diria que deixava a miúda ir ver o filme, mas NÃO deixava de TODO ela ler os livros até completar 18 anos e um dia, (pelo menos).
    O filme tem sim cenas de sexo, mas não são explicitas, não mostram a nudez no seu todo, os actores têem sempre uma perna ali, um braço acolá, para esconder o que seria considerado desavergonhado.
    Portanto Rainha, sejamos realista, com quase 16 anos já sabíamos o que era sexo e o filme não lhe vai ensinar nada que ela não saiba! (acho eu), mas acho muito ajuizado a Rainha acompanhar na ida cinematográfica.
    Aguardo relato da sessão das pipocas ;)

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    1. Obrigada Nina! Não vou ver o filme com ela... Mas na verdade, sei que com dezasseis anos ela sabe o que é sexo, o que me preocupa é a maturidade suficiente para perceber outras vertentes do filme. Mas só poderei opinar, depois de o ver! Um beijinho e obrigada!

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  6. Diz-te quem sabe que a adolescência dos filhos é tão tranquila como tranquila foi a infância ;)
    Nada temas.
    Quanto ao filme, cada mãe sua cabeça e seu coração :)
    Não soubeste escolher o melhor leite, a melhor papa, a melhor escola? Agora também saberás o que fazer.
    Beijinhos, majestade.

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    1. A voz da sabedoria, no seu melhor! Tens razão. Um grande beijo! (quanto ao melhor leite, olha, foi um desastre! a raio da lactose a fervilhar na intestinaria da criança, e havia intolerância à mesma!)

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  7. "a escola onde tu andas, já eu lá fui professora", é muito bom! Coragem, Rainha!

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  8. Ás vezes também me enervo mas no fundo, no fundo, é uma fase de descoberta muito engraçada e nós também já por lá passamos. Deixa rolar :)

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    1. é verdade, mas custa muito mais quando somos nós "os pais"...

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  9. Faço parte desse clube e à minha nem tive como evitar de ver o tal filme. Numa festa pijama, viram-no através da internet, confessou-me ela, e que o achou nojento e a história sem graça. Violência contra a mulher, foi a lição que tirou! Há coisas, que não dão, em época alguma, para controlar a 100%.
    Temos de apostar nos exemplos e no diálogo aberto. Concordo com a Nina que o livro é bem pior, e esse, sei que não o lerá, visto não ter apreciado o filme!

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    1. E a questão é mesmo essa. A maturidade que já têm ou não, para encarar essa "violência contra a mulher" , não encarando isso como algo natural...

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    2. É uma idade em que o "certo e errado" ainda tem alicerces bem sólidos nos princípios do início da vida. Por isso é normal que, ao ver uma mulher receber uma estalada ou ser atirada com força contra uma parede, seja interpretado como algo mau. É o lado inocente que faz a interpretação ao invés do libidinoso... ainda em desenvolvimento e inexperiente. O pior é se a curiosidade é maior que essa noção mas dificilmente, quando ainda se é tão inocente, se sente outra coisa diante de violencia

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  10. a adolescência não tem de ser necessariamente má... são fases, lembra-te que tudo passa =)

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  11. Também sou membro desse clube há já alguns anos.também já fui lá professora, ainda assim, encanitam-me certas coisas. Mas passa, dizem que passa. Coragem para nós. Beijinho

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  12. A internet disponibiliza de tudo, com mais rapidez. Às vezes mesmo antes das salas de cinema. Por isso...

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