quarta-feira, 18 de março de 2015

Rascunhos

Enquanto tentava organizar o emaranhado de papéis que jaziam sobre a secretária do meu miúdo, encontrei três rascunhos de um texto pedido para a disciplina de escrita criativa.

O primeiro rezava assim:
"Era uma vez uma criança que era muito triste pois tinha um grande sonho que os pais não aceitavam, e que era ser jogador de futebol" 
E ficou por aqui, julgo eu, por ter equacionado a gravidade do discurso em si. É que nitidamente a história não é ficção, e ainda a professora nos acusava de estar a castrar os sonhos ao miúdo, e quiçá nos batia a segurança social à porta e nos arrancava o filho. E depois ainda nos teríamos de debater em nossa defesa, e angariar testemunhas abonatórias   que pudessem atestar que vamos levar e buscar o miúdo a todos os treinos, assim como as manhãs de sábado e domingo são passadas a assistir aos seus jogos. E que apenas o tentamos alertar para a importância da escola e do estudo.

O segundo rascunho:
"Era uma vez uma criança, que tinha o sonho de ser jogador de futebol, mas ele era muito pequenino para a sua idade, todos eram altos e espadaúdos , mas ele era muito pequeno e com muitos ossos " Temo novamente a segurança social. O Rapaz está traumatizado.  Nitidamente a minha voz a ecoar no seu subconsciente : "tens de comer tudo que és só pele e osso! e depois queixas-te que não cresces! qualquer dia vais-me parar a uma cama de um hospital, subnutrido"

O terceiro rascunho:
"Era uma vez uma criança muito forte e muito alta (sorrio e penso "aqui, já deu o pulo"), que tinha um grande sonho que era ser como o seu pai, ou melhor ainda. Queria mesmo ser um grande jogador de futebol. Tinha doze anos e já tinha um grande jeito para jogar. Mas para além do futebol, tinha tempo para estudar (WHAT?), para a família (hummm...) e para o amor (WHAT THE FUCK?). Era uma criança muito responsável com a escola (sinto-me a ventilar), muito simpática com a família (ataque de asma eminente ) mas desta vez estava muito triste, pois tinha sido convidado para jogar e estudar nos Estados Unidos com uma bolsa de estudo, mas não sabia o que fazer pois a sua namorada estava em Lisboa (sinto-me a ter uma síncope).


10 comentários:

  1. Hahahahahaha, Adoro a imaginação do teu filho!!! :D
    Mas vê o lado positivo, alem de a segurança social não te ir bater a porta, ele pressupõe uma bolsa de estudo, portanto com certeza, sabe que para isso acontecer tem de estudar e muito!
    O pior cenário é ele convidar a namorada a ir viver com ele pós States :P

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Enganas-te! Ele pressupõe uma bolsa de estudo pelo talento nos pézinhos. Ainda não percebeu que uma coisa tem de conjugar com a outra ! ;)
      Quanto à namorada, ela que se reduza à sua insignificância, meu rico filhinho... ;);)
      Um beijo Nina!

      Eliminar
  2. Ooooops quantos anos tem a criança?
    Será mesmo imaginação ou baseado na sua história verídica? Ao que carga de trabalhos! Inspira, expira ...

    ResponderEliminar
  3. A criança vai a caminho dos treze. É baseado na sua história verídica, tirando ali a parte da bolsa nos states... Mas só pensa em futebol, só vive para o futebol... e parece-me que também vai ser um pinga amor! Inspiro, expiro...

    ResponderEliminar
  4. A adolescência é tramada. Pensam eles que para seguir os sonhos, basta apenas a vontade e o empenho naquilo que sonham, que não há outros caminhos a serem feitos, que também exigem empenho.
    E tem namorada no meio e tudo!!

    Beijinhos

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Que caminhem, e que sonhem, e acima de tudo que sejam felizes. ;)
      Um beijo!

      Eliminar
  5. quantos anos tem o jovem redator, futuro astro do desporto-rei, e potencial cidadão do mundo com namorada em Lisboa? :)))

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. O jovem, tem 12, prestes a fazer 13. A ganhar experiência a todos os níveis... ;)

      Eliminar
  6. Hehehe. Quando ficção, realidade e a boa da adolescência se misturam dá nisso. :) Muito divertido.

    ResponderEliminar
  7. ah ah ah cheio de imaginação e sentido de responsabilidade (pode não ser responsável mas a vontade está lá)

    ResponderEliminar