quinta-feira, 12 de março de 2015

Pedalar não é a minha praia

Querida Gaja Maria, a propósito desta nossa troca de galhardetes/confissões, aqui vai mais um segredo. Mas shiuuu, não contes a ninguém...

Eu não sei andar de bicicleta...

Ou pelo menos, e se isto salvaguarda um pouco a minha já diminuída reputação nas artes desportistas, eu ACHO que não sei. Corria a década de oitenta (anos dourados que já lá vão), e passava eu férias no monte dos meus avós, quando me aventurei em cima de uma bicicleta. Nunca tinha pensado em pedalar, eu era mais correr, e leve que nem uma pena, ainda que com asma, mas ainda sem vestígios de nicotina, corria que nem uma gazela. Mas o meu primo tinha acabado de receber uma bicicleta novinha em folha, último grito da moda, e mesmo gazela na corrida, era difícil acompanhar a pedalada dele. Foi então que anunciei aos meus avós que uma bicicleta talvez me desse um certo jeito. Trataram do assunto no próprio dia, que isto avós que são avós, fazem as vontades todas aos netos. Segui o meu avô até ao celeiro, e eis que vislumbrei aquela que seria a minha primeira e única bicicleta. Um exemplar de mil novecentos e troca e passo, outrora pertencente a uma prima, que era só uma dúzia de anos mais velha do que eu. Não me importei com as teias de aranha com que estava sobejamente decorada, nem com os vestígios de ferrugem circundantes. Montei-me em cima da dita, e sem ajuda alheia, comecei a pedalar. Pedalei o dia inteiro. Estrada abaixo, estrada acima, no momento de curvar toca a pôr os pés no chão, que não se podia pedir mais para um primeiro dia (nem uma queda, nem um joelho esfolado).

No segundo dia, e assim que o galo cantou, saltei da cama entusiasmada com o novo velho brinquedo. E aí, é que a porca torceu o rabo. Não aguentava as dores nas "partes baixas" vulgo pipi, perdi um dia de férias de correria e aventura, voltei a colocar a bicicleta no lugar de origem, e decidi fazer o resto das férias a correr que nem gazela. Foi assim,  no cimo dos meus doze ou treze anos que concluí "pedalar não é para mim". 


10 comentários:

  1. Eu também não pedalo, por um motivo deferente.
    Numa família numerosa na qual havia só uma bicicleta, quando chegou a minha vez de aprender, os travões já não funcionavam. Um dia meti-me no meio de um monte (parecido com os que a Gaja Maria percorre), quando dei conta, vinha lançada monte abaixo, sem poder parar, cai num rego bem fundo (desses usados para rega na aldeia). A bicicleta ficou toda torta e eu ,com uma perna esfolada de cima a baixo. Nunca me queixei a ninguém e tentei endireitar a bicicleta com ajuda de pedras, mas nunca mais tive vontade se subir para cima duma!

    Beijos

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    1. Remédio santo, viste? E não és traumatizada por isso, pois não? És cá das minhas, portanto ;)

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  2. Mas diz-me lá uma coisa, depois já crescidinha, quando a mãe natureza te presenteou com a 2ª gravidez, depois de teres (certamente) passado pelas dores nas partes baixas do 1º parto, isso não te impediu de repetir a experiência, certo? :)))

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    1. Cara BC, deixai-me elucidar-te entonces: na 1ª gravidez, estive a penar quase 14 horas, tás a ver? 14 horas é muita hora, ninguém me tinha preparado para tamanha maratona, e eu que só tinha 24 anos, e era a primeira do meu grupo de amigas a parir, vociferei por diversas vezes nessas penosas horas, que nunca mais me apanhavam noutra. Mas as partes baixas, resolveram amuar vociferaram também "por aqui ninguém passa, que o caminho está interdito!". Vai daí, abriu-se outro caminho um pouco mais acima, que me custou uma cicatriz abdominal. E depois olha, a cicatriz até ficou jeitosa, e disseram-me que era tipo fecho ecler, e à 2ª gravidez foi abrir e fechar de novo. Um mimo. Partes baixas incólumes! ;)

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  3. Também não sei... E não é agora, depois de cota que vou aprender. É que ao meno e ao borracho, põe Deus a mão pos baixo e eu estou em nenhum dos casos! ;)

    Beijocas, Alteza! :)

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    1. Beijocas Maria (tu)!
      (eu costumo dizer que nunca é tarde para aprender. Podiamos tentar, com uma bicicleta com rodinhas extras... como se faz com as crianças...)

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  4. eu tive a minha conta de pedalada, aliás, adorava, mas agora, mais velha, estou sem vontade de arriscar por conta dos anos que ignorei esse meio de locomoção! :)))

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  5. eheheh, é que não chegaste a ganhar calo nas ditas partes e digo-te até te tinham ajudado nos partos, sabias que temos ali músculos? :))) Tive a minha 1ª bicicleta aos 6 anos, foi dos melhores presentes que me podiam dar, a partir daí foi sempre a abrir, até ia para a escola de bicicleta e tudo, velhos tempos eu sei. Deixei de andar quando tive carro e apesar de fazer cycling no ginásio só voltei a pôr o rabo outra vez numa bike a sério aos 44, ai que dores de "partes"! Mas nem isso me fez parar, já ganhei calo outra vez e agora é btt à séria como se tivesse 20 anos. Tenho uma grande panca eu sei :))
    E agora, partes à parte, nunca mais te deu uma vontadinha de pedalar?

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    1. Nadinha...Vontadinha nenhuma... Eu sou uma lady, não quero cá calos nas partes baixas, pensas o quê?

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