sexta-feira, 8 de maio de 2015

Já venho fora d'horas para falar no dia da mãe?

É que amuei nos últimos dias, e agora que já desamarrei o burro, já me sinto capaz de verbalizar sobre o dito. 

Uns dias antes, na confusão que é a secretária do meu miúdo, e na tentativa de lhe dar um jeito (que mais não é, do que amontoar tudo e encostar a um canto), vislumbro um postal cor de rosa. Uma coisa muito simplória, um "certificado do amor" já "fabricado", onde só estava preenchido com a sua letra, o nome dele. Percebi que logo que algum professor se tinha preocupado com o assunto, já que agora, no terceiro ciclo, um mundo de meninos crescidos, não há cá trabalhos manuais para presentear a mãe neste dia especial. 
Voltei a colocar o referido postal na confusão dos papeis, e esperei que me chegasse às mãos no domingo.

A miúda na véspera do dia da mãe, dá-me um abraço e diz-me que no dia seguinte eu não teria de me preocupar com nada. Que me faria o pequeno almoço, que mo levaria à cama, que faria o almoço, que arrumava a cozinha, e blá blá, pardais ao ninho, e eu pardalita no ninho, de perna cruzada. A ideia animou-me.

No dia seguinte, dia mãe, note-se, sou a primeira a acordar. Ninguém tem culpa disso, pois claro, que estou a ficar a velha, e a cama já não me sabe bem até altas horas da manhã. De seguida, acorda o miúdo. Referencia nenhuma ao dia. Senta-se no sofá, liga a televisão, e vejo-o a chupar pela palhinha, um leite com chocolate. Pardalito mais pequeno, de perna cruzada.  De seguida ouço os pés da miúda a rastejar pelo corredor.  Já eu andava munida de um aspirador, pronta para contrariar o que me tinha sido prometido na véspera. Pouso a lombriga gigante que é o tubo do aspirador central, e digo "bom dia, filha!". Olha para mim, olhos inchados e além do bom dia pergunta-me o que  há para comer. Respondo já em modo "aziada", leite, pão, fiambre, queijo, iogurtes. Agarro na lombriga e aspiro a casa toda como se estivesse a fazer uma maratona de limpeza. E antes que eu expluda, fecham-se os dois a estudar. Faço o almoço, ponho a mesa, sirvo o almoço, almoçamos, oiço "feliz dia da mãe", agradeço, levanto a mesa, e como ninguém se oferece, ordeno "arrumem a cozinha, que eu vou tomar banho". 

Saímos de casa, para o jogo do miúdo, e no regresso atiro para o ar:
- hoje é o dia da mãe, e nem um postalinho, nada?
- não mãe... por acaso não fiz nenhum postal...
- não? nem um?
- não...
- então e um postal cor de rosa que está na tua secretária? não é para mim? quantas mães tens?
- Ah.... Esse... Esse foi a minha professora de escrita criativa que nos deu!!!

Ok. A professora não deve ter dito explicitamente, entreguem isto às mamãs. Está perdoado, Coitadinho do pardalito. Ligo à pardalita irmã, que tinha ficado a estudar e digo-lhe para se arranjar. Vamos jantar com a avó, porque HOJE É DIA DA MÃE, e esta pardala está cansada, e não vai fazer jantar para ninguém.
Salvei assim o dia, ninguém o salvou por mim. 

4 comentários:

  1. Ohhhh,
    há-de chegar o dia em que irão ar valor, tu sabes que a adolescência é tramada, eu realmente, não sei do que estou a falar, os meus Pardalitos ainda são pequeninos, mas acredito que um dia irão acordar e ver que estamos ali, sempre ao lado deles, para o que der e vier.
    Feliz dia da Mãe Rainha!!!!

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    1. Eles sabem, sempre, que estamos aqui. E eu amuei, mas foi só assim mesmo um bocadinho ... ;) Um beijo Nina!

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  2. óóó. Deixa lá que para os meus lados não foi melhor. Temos de perdoar-lhes que eles não sabem o que fazem. Um dia ainda hão-de cá vir.. Beijinhos

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    1. Foi o que eu disse : "hades cá vir!" - assim, ironicamente, com erro e tudo, que esta gaffe é daquelas que eu estou sempre a corrigir. Um beijo!

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