sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Quantos anos, ainda?

 
 
Cabe-me a tarefa de levar a filha e as amigas à "vogue fashion night out".
No ano anterior estive lá. Com elas. Gosto mais do que devia de moda, de roupas, de sapatos, de malas. Mas não nessa noite. Mas as miúdas acham piada e comprometo-me a acompanha-las, mais uma vez.
Sim, eu vou convosco, confirmo. "mas vais lá ficar sozinha, mãe? é melhor arranjares uma companhia" diz-me ela, com um piscar de olho. Percebo. Cabe-me a tarefa de taxista mais uma vez. Percebo o piscar de olho, e arranjo programa.
As recomendações do costume. As minhas. As das mães das amigas. A ultima recomendação "tracem as malas. Estejam atentas aos telemóveis".
Sigo para o meu jantar. Mas sigo preocupada. Ligo só para confirmar que está tudo bem. Não me atendem. Nenhuma, das três. Mastigo o bife com dificuldade. Sei que não sou muito descontraída no que diz respeito às saídas da(s) miúda(s), mas não consigo ser de outra forma. Talvez com o tempo me habitue não acredito. Não me retornam as chamadas, e tento de novo insistentemente.
Atendem-me com uma boa disposição estonteante, e descarrego a fúria e os nervos, percebendo de imediato que nenhuma delas entende, "não há motivos para preocupação".
Vou busca-las à hora combinada, meia hora mais cedo do que o solicitado. Nervosas. Uma delas tinha perdido a carteira. Embora não soubesse como. Não mexeu na mala, não precisou da carteira. "foste assaltada", digo-lhe. "impossível", diz-me ela.
Converso com um policia, aconselha-me a fazer queixa de imediato. A miúda tinha todos os documentos na carteira. Pergunto se não sendo a mãe da lesada, posso apresentar queixa. Diz-me que sim. Procuro a esquadra. Penso que só lhes faz bem acompanhar-me no processo, para que percebam alguns dos motivos de preocupação. Na esquadra dizem-me que não posso apresentar queixa. Não sou a mãe entendam-se, penso furibunda. Mas conto o sucedido. Ela insiste que não foi assaltada. O policia ri-se. Conta-lhes umas histórias, e termina o relato com "isto é um abre olhos".
Pela manhã, acordamos com a noticia do aparecimento de todos os documentos numa estação de comboios. Podemos ir recolhe-los à esquadra. Dá-me vontade de lhes bater quando as oiço presumir que "a carteira deve ter caído da mala, algures". Dou um grito. Pergunto se por acaso andaram de comboio. Assim como as outras dez pessoas que também têm documentos para recolher na mesma esquadra, já que foram  encontrados todos juntos, na mesma estação. Sem as carteiras. E sem o dinheiro, pois claro.
Quantos anos de adolescência ainda pela frente?

6 comentários:

  1. Até aos 34 pelo menos....
    a minha mãe ainda fica em pulgas quando vou sair, e eu, como sabes, tenho quase 40, marido e filha, casa, emprego, carro, vacinas, dinheiro, tudo.

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    1. Pois fica sabendo que eu hoje contei esta história à minha. Ouviu tudo, e no fim só me disse : "tanto que eu esperei por este dia..."
      assunto arrumado. com ela, nunca mais desabafo (assim como evito contar-lhe certas coisas, para evitar preocupações. por isso tens razão. é capaz de ser para a vida)

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  2. Upa, upa! Vai muiiiiiiitoooooo para além dos quase 40! eheheheheheheh

    Beijinhos Marianos, Vossa Alteza! :)

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