terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Reencontros (parte I)

Reencontros.
Foi um fim de semana de reencontros.
E de outras coisas mais.
Tantas, que não sei como um fim de semana tão curto, pode albergar tanto programa, tanta correria, tanto afazer (mas pode, deixou-me foi num estado de exaustão pura).
Foi um fim de semana de emoções, mas sendo que foram todas vividas a correr, porque os afazeres eram muitos, e a agenda estava preenchida milimetricamente, não tive ainda tempo de as assimilar, não tive se quer tempo de as viver convenientemente, de as mastigar, de as digerir,  tão pouco de pensar nelas, e senti-las em pleno.
 
Reencontros. Parte I 

Convidei o pai, o meu, a assistir ao jogo de sábado do miúdo. Senti que a frase "o meu pai" não era usada no meu vocabulário há muito tempo. Tanto, que ao proferir estas palavras, as senti estranhas, mal encaixadas, como não sendo minhas. O miúdo tinha manifestado o desejo de fazer um bom jogo, aos olhos de um avô que não via há três anos, e que poucas vezes viu, ao longo da sua vida. O avô assistiu a quatro golos do miúdo, e a uma exibição exemplar, no seu registo pouco expressivo.
O miúdo terminou o jogo, e cumprimentou o avô com um aperto de mão.
 
Despedimo-nos e combinámos novo reencontro para breve, já que a miúda não pôde estar presente, e não viu o avô. A miúda não perguntou como foi, como correu, nem como estava o avô. O miúdo perguntou apenas se o avô o reconheceu dentro de campo, ou tivemos de lhe explicar que era aquele pequenino com o número sete nas costas.
O avô reclamou em tom de brincadeira que o miúdo era pouco dado a beijos. Defendi o miúdo e tive vontade de lhe dizer que para o miúdo o avô não passa de um estranho, e que isto é fruto da relação que ele próprio plantou com uma semente tardia, raquítica, seca, mal plantada, sem rega, sem chuva, sem adubo, sem substrato. Uma semente que nunca passou de semente, embora saibamos que nunca é tarde para renascer (ou é?), assim a replantemos, e a tratemos com o devido cuidado. Para isto é só preciso querer. Querermos todos. E queremos ?

10 comentários:

  1. Os pais como qualquer ser humano erram e nem sempre fazem as melhores escolhas. No entanto, são sangue do nosso sangue e é impossivel ser indiferente a isso.
    "O perdão é um catalisador que cria a ambiência necessária para uma nova partida, para um reinício."
    Martin Luther King

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    1. Por ser sangue do meu sangue, vamos continuando a tentar. Ainda que muito de quando em vez... Um beijo, e obrigada pelas palavras.

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  2. rainha ervilha, não posso opinar sobre aquilo que não conheço : sobre laços afetivos que me parecem muito fragilizados. eum se o meu pai não tivesse morrido há tanto tempo seríamos unos, assim, mediante este relato fica-me mágoa. Ma sé tempo de paz. desejo Festas Felizes, muitos golos e abraços infinitos nesses filhos que merecem .
    Beijinhos. Feliz Natal

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    1. Obrigada! Um grande beijinho para ti, e votos de 2015 cheio de coisas boas!

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  3. Quem sabe essa semente ainda dá fruto?

    Beijos, Alteza! :)

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  4. Não vejo o meu avô há tantos anos que nem me lembro a ultima vez que o vi. Mora a dez minutos da minha casa, a pé. Nunca nos zangámos, simplesmente a vida não se predispôs... Arranjei outro e a coisa falsa foi muito mais feliz que a verdadeira. Hoje se quisesse recuperar o tempo perdido não conseguia. Nunca conseguimos.
    Feliz Natal miúda!!!! Só fazem falta os que nos fazem falta.

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    1. O tempo perdido, esse, nunca se consegue. Mas quem sabe, num novo tempo, possamos redescobrir laços perdidos... Um grande beijo Uva!

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  5. talvez o tempo vos traga o que faltou e eles possam ainda passar bons momentos juntos

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    1. Vamos tentar. Já demos um novo passo, nesse sentido. Um beijo :)

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