segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Por mais estranho que possa parecer

Ontem li sobre um caso de alienação parental em dois dos blogues que acompanho ( aqui e aqui ).
Não sei as razões que levaram a mãe do pequeno Santi, a impedir o pai de ver o filho. Não sei, mas perante tantos casos que ouvimos ou presenciamos, parece-me sempre injusto. Porque os filhos, nunca têm culpa. Nunca. E os adultos por vezes esquecem-se disso, fazem dos filhos armas de arremesso, metidos numa guerra alheia e incompreendida. E os pais sofrem, mas vivem essa luta sem olhar e perceber (?) que os filhos sofrem muito mais.
Eu separei-me há dois anos. E ainda hoje oiço das mais variadas pessoas o quão estranha é a relação com o pai dos meus filhos. Estranha ? pergunto-me. Aos olhos de muitos, provavelmente sim. Aos nossos, nada. E aos dos nossos filhos, tenho a certeza que muito menos. O pai dos meus filhos foi a pessoa com quem escolhi casar, com quem partilhei quinze anos da minha vida. Se erros houve, pouco interessavam no momento em que decidimos colocar o ponto final.  O importante seria minimizar os estragos, perante os dois seres mais importantes das nossas vidas, que culpa não tinham desses erros, e que a sofrer (porque sofrem sempre) que fosse o mínimo que conseguíssemos.
Assim, os filhos ficaram comigo, e não temos nem nunca tivemos um regime de visitas definido. Nem de fins de semana partilhados. São  diversas as vezes que perguntamos um ao outro "este fim de semana é teu ou é meu?", porque nunca sabemos, porque vamos gerindo, porque ele praticamente vê os filhos todos os dias, porque os filhos também  têm voto na matéria e também optam com quem lhes dá mais jeito ficar aos fins de semana  em função da agenda social ou do estudo, porque eu não me importo, porque ele, o pai, não se importa, porque vamos juntos assistir ao futebol do miúdo, porque vamos juntos assistir à dança da miúda, porque se preciso for, e se nos der na real gana, fazemos refeições juntos. Porque a noite de natal por ter sido sempre em casa dos avós paternos, e por saber que era assim que os meus filhos gostariam que continuasse a ser, abdiquei de estar com eles nessa noite, e assim tem sido, e assim será novamente este ano (por muito que me custe), e porque o pai não tem família próxima, e me traz os filhos para passarem o dia comigo, passa também ele o dia connosco e com a minha família. Porque a nossa família se adaptou ao nosso regime, porque os nossos filhos estão bem, apesar de saberem que os pais não estão juntos, que têm vidas separadas (conhecem e convivem inclusive com a namorada do pai), porque nós estamos bem assim, porque entendemos ser o melhor e o mais saudável para todos, principalmente para eles, os filhos, os mais importantes na caminhada da nossa vida, ainda que separada.

8 comentários:

  1. Como eu te entendo... e assim é que deve ser. Acabou o amor mas não acaba o respeito e a amizade.

    Beijinho*

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  2. És uma ave rara, mas tão tão rara. Sabes disso.

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  3. e ninguém, mas ninguém terá mais autoridade para falar assim, de que alguém que vivencia uma situação assim descrita. faço uma vénia (sem ironia alguma que o caso é sério) a uma pessoa que tem inteligência e sensibilidade para assim agir.

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  4. E que assim continue sempre, porque assim continuamos a ser uma família feliz :)

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