quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Castigo

O miúdo está a passar a fase da parvoeira. Já o tinha dito. É que não me canso (ou estou cansada, mesmo) de o constatar.
Anda com a cabeça no ar, não ouve o que se lhe diz (ou finge que não ouve), está constantemente de castigo (aquele que lhe dói mais, as tecnologias todas enfiadas numa gaveta).
O castigo tinha acabado de ser absolvido. O pai diz-lhe que o vai buscar no dia seguinte, ao treino para irem juntos a um jantar de aniversário. Oiço as recomendações do pai, não ir equipado de casa, levar uma roupa, toalha de banho, chinelos, sair do treino a correr, tomar banho, vestir-se em condições, sair rápido, irem para a festa.
No dia seguinte, vou busca-lo à escola, e a mãe do amigo convida-o a irem juntos para casa, que os leva ao treino. Ele pede-me que o deixe. Digo que não. Tem um jantar de aniversário com o pai, não tem mochila para o treino, nem toalha, nem chinelos, nem roupa. A mãe do amigo (minha amiga também), diz não haver problema, tem equipamentos de sobra, arranjam-se umas chuteiras já velhas que caibam naquele pezinho de cinderela, arranja a mochila, com toalha e chinelos e afins. Olho para ele, e digo-lhe, escuta-me com atenção. Repito todo o discurso do pai. Ele diz que sim.
Acabado o treino recebo uma chamada do pai. Espumava pela boca, tenho a certeza. O miúdo tinha ido equipado para o treino, e enfiou toda a roupa dentro de uma mochila tamanho XS. E enfiou tudo, assim à sua maneira, bem enroladinho.  A roupa saiu com aspeto assim a modos que   atropelada por um camião. Pior, esqueceu-se dos ténis em casa do amigo, e das meias. E da toalha. E dos chinelos.
Imaginei a cena. Sem tomar banho. Roupa completamente amarrotada. Chuteiras nos pés. Sem meias. Eu ao telefone com os dois em alta voz, o pai ameaçava uma tareia, ele dizia baixinho "não tenho frio nos pés", eu anunciava novo castigo.
Chegou a casa já depois do jantar (onde se apresentou naquela linda figura), rabinho entre as pernas, pediu para dormir comigo (coisa rara).
No dia seguinte sou acordada com a seguinte frase "mãe, já conversei com o pai acerca disto, agora vou conversar contigo. quando eu fizer alguma coisa de errado, prefiro que me deem logo uma tareia do que me ponham de castigo" .

escusado será dizer que o miúdo não sabe o que é levar uma tareia apenas umas palmadas no rabo, e um puxãozito de orelhas, escusado será dizer que denunciou exatamente o castigo certo a adotar. tecnologias na gaveta, assim será.

13 comentários:

  1. Os castigos tem que ser assertivos e certeiros...

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    1. E são. às vezes são é curtos (que este meu coração é mole. muito mole)
      Um bj, Til!

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    2. Ah ah eu também falo mas é só garganta.Quando tenho que dar umas palmadas a um filhote depois fico doente,mesmo*

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  2. Hahahahaha! Mão sofre. Tadinho. Adoro adolescentes. Juro.

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    1. Humm, quero ver se dizes isso daqui a... 5 anos?
      Um beijo Uva!

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  3. Quero o meu com 15 anos outra vez!!

    Pensando melhor... Não! :P

    Beijocas, Alteza! :)

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  4. Todos passam por essa fase. Mas os castigos fazem parte

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  5. eu também teria preferido uma tareia a um castigo, as tareias doem mas passam, os castigos moem e fazem lembrar do porquê da privação

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    1. E o objectivo, é esse... Lembrar, para tentar melhorar :) Um beijo!

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