segunda-feira, 31 de março de 2014

A modos que a despachar-me


À terceira chamada do dia (sim, terceira chamada. um dia inteiro, e apenas três!)

-Então filha, já chegaram ao hotel?

-Sim mãe... acabámos de chegar. E seria muito mais fácil se não me estivesses a ligar de hora a hora. Estou a carregar a mala, e a procurar o meu quarto.

(e anda uma mãe a criar uma filha para isto)

Rainha galinha (desasada)

 
 
E eis que, oito horas passadas, desde que esta rainha (galinha) deixou a sua princesa (pintainha) no autocarro, rumo a terras alentejanas (e mesmo com esta chuva, e as preocupações inerentes), ainda só trocámos quatro mensagens, e falámos uma vez. E está tudo a correr bem. E ela está feliz. E eu estou a aguentar-me para não parecer demasiado chata e preocupada (e a trocar informações com outra mãe em igualdade de circunstancias), porque esta princesa (pintainha) tem de ganhar asas e voar, e esta rainha (galinha) não pode dificultar o voo . Deve sim ajuda-la a ir ganhando altitude, e nas quedas (que se esperam sempre pequenas) estar cá para a amparar. E se não a conseguir amparar, estar cá para sarar as feridas, e dar-lhe coragem para outros voos mais altos.
Esta rainha (galinha) está a preparar-se para isso. Esta rainha (galinha) que também voa, também cai, que hoje se sente desasada sem a sua princesa (pintainha), e que anseia pela noite, para aconchegar o seu pequeno príncipe (pinto) debaixo da asa, enquanto falam com a irmã já no hotel (sã e salva e segura deste temporal que tão inconvenientemente nos assola hoje), e aí, sim,  uma noite já está ultrapassada (e amanhã é outro dia, e vai tudo correr bem).
 

De coração cheio.



De coração pequenino hoje , a contrastar com o coração gigante com que me debati durante o fim de semana. 
Mais um jogo de futebol do príncipe, em que além de gigante, o meu coração pula energicamente, assim como pula o dele. O dele pelos km percorridos ao longo daquele tapete de relva , e pela adrenalina do jogo. O meu, pelos nervos de o ver tão pequenino e tão rápido a escapulir-se de bola nos pés em direcção à baliza, na busca da vitória que o traz feliz para casa. 
Terminado o jogo, saímos a correr porque a princesa tinha prova de ginástica acrobática. Os nervos dela, os meus nervos, o coração dela, o meu coração. A prova correu lindamente, perante o olhar e o coração desta mãe. Este coração, que quase saltava do peito, este olhar que se inundou rapidamente (a culpa é do saco lacrimal que desde que fui mãe, rompeu certamente). 
Terminadas as duas provas desportivas do fim de semana, os corações, os três (o meu, o dele e o dela), voltaram ao seu tamanho normal, à sua batida compassada, prontos para outras provas futuras (o meu não sei se aguenta tanta aventura em tão pouco espaço de tempo...).

Do tamanho de uma ervilha. Este coração.



Esta rainha, tem hoje, o coração do tamanho de uma ervilha.
A princesa deste reino saiu bem cedo para uma visita de estudo a Évora, de três dias ( três dias. uma eternidade). 
E eu fiquei assim, meio desasada, meio (muito) angustiada, e de lágrima no canto olho, a rezar para que nenhuma outra mãe visse a minha figura, que Évora fica já ali, e três dias é já depois de amanhã. 
E ali me mantive, de pé, ao frio e à chuva, à espera de ver o autocarro partir, como fazia quando eles eram pequeninos e iam ali ao virar da esquina ao jardim zoológico. E ali me mantive, e o autocarro partiu. E ela, esta filha que eu via partir, conversava alegremente com a amiga, esquecendo-se desta mãe  que acenava para um autocarro, esquecendo-se de acenar também, e ignorando (ainda) esta sensação  de coração apertado, coração pequenino, do tamanho de uma ervilha, que é o coração de mãe. Porque o dela, o coração de filha, estava gigante, de alegria e ansiedade. O que por si só, já vale a pequenez e o aperto do meu. 


quinta-feira, 27 de março de 2014

Chocolate

Como ando sempre atrasada com estas coisas das notícias, não sei se foi ontem, se é hoje, o dia internacional do chocolate.
Independentemente da data, quero deixar as minhas felicitações aos senhores que tiveram o brilhantismo de inventar o pantagruel. Esse mesmo. O da culinária. O que vem num invólucro simples, mas que envolve (para mim e para a minha filha) o melhor chocolate do mundo.
A atribuir uma medalha honorífica também, aos senhores que (igualmente) brilhantes, tiveram a inteligência de conjugar chocolate preto*, com ginja e licor do mesmo (suponho). O mon cheri.
Nada como ver um filme com a miúda, enroladas na manta, a devorar uma tablete (inteirinha) de pantagruel. Se for mon cheri, sou capaz de devorar em três tempos umas quantas dezenas deles e ela, (que tem o bom gosto da mãe ) já anunciou que aquilo "é mesmo bom", porque a deixo comer um, e apenas um. Assim comá'ssim, a ficar bezana, que fique eu, que ela ainda não tem idade para estas coisas do álcool (e já percebi que gosta...).


* Chocolate amargo (também chamado de chocolate preto ou puro) é um tipo de chocolate feito com os grãos de cacau torrados sem adição de leite, e algumas versões permitem a sua utilização como base para sobremesas, bolos e bolachas. Deve-se usar um mínimo de 35% de cacau, segundo as normas européias. Tem como característica possuir pouco açúcar.

logo, vivemos (vivo eu) na ilusão de que NÂO ENGORDA

Quando os pedidos chegam a outros nivéis

Avizinha-se uma época de concertos em grande. Lá em casa, já não se fala de outra coisa. Em maio temos o Rock in Rio. A miúda quer ver (mesmo, mesmo) Lorde e Ed Sheeran. O miúdo gostava de ver Ed Sheeram (ela contrapõe, que ele só conhece duas musicas, e é um gasto desnecessário no bilhete dele). Em maio temos a Miley Cyrus. Ela já viu a Miley, com direito a foto e autógrafo e tudo, na época em que a rapariguinha se tentava desvincular da imagem casta de Hannah Montana, coisa que a chocou um bocado  quando a viu no palco com um body (quase) todo enfiado no rabo. Hoje (está-me a querer parecer) que o comportamento (a modos que desavergonhado)  da Miley já não a choca nada e até argumentou aqui há tempos, que nitidamente isto é uma jogada de marketing (e eu penso que a miúda está mesmo a ficar crescida - a minha, que a outra já se afirmou por completo a esses níveis), acha-lhe imensa piada, gosta das musicas, e quer (mesmo, mesmo) ir vê-la ao Meo Arena.
Pois que, Rock in Rio em maio, Miley em junho, e logo de seguida eis que temos Optimus Alive. Este, já com o pack dos três dias comprado (que foi o destino que ela deu ao dinheiro que recebeu no natal), porque não podia perder uma das suas bandas favoritas, Arctic Monkeys, mas também não queria perder Imagine Dragons, nem Ben Howard, nem Bastille, nem outros tantos. Ele gostava de ver Imagine Dragons, e Bastille , o é  que bom, porque como atuam em dois dias diferentes,  significa dois bilhetes (ela contrapõe, que ele só conhece duas ou três musicas de cada uma das bandas, e é um gasto desnecessário em dois bilhetes para ele).
Ora para fazer a vontade a estas duas criaturas, ainda tinha de adquirir os meus bilhetes para os acompanhar (e até gosto de algumas das bandas, o que não seria um sacrifício por aí além).
Posto isto, o melhor é cancelar férias, ir roubar para a estrada, ou tentar o euromilhões.
 
e eu é que os habituei mal, que ela ainda nem tem quinze anos e já deve ter ido a uns dez concertos...
 
 

quarta-feira, 26 de março de 2014

Audição estrábica leva a ignorância

Há diversas teorias sobre a queda do avião da Malásia.
Eu tenho a teoria que devo ter hibernado nos últimos quinze dias.
Quando a minha BFF me ligou ante ontem a dizer "afinal o avião já apareceu. caiu no índico". Eu respondi, "ai foi? " , embora tenha pensado nesse mesmo instante " porra, andava um avião perdido ?" e nem me descaí que não fazia a mínima ideia desta tragédia.
Eu não sabia. Nem disto, nem de nada.
Na verdade, desde que temos o cão (e já lá vão quase dois meses), deixei de ver notícias. Tenho uma televisão na cozinha, e é na hora de preparar o jantar que vou ouvindo com mais ou menos atenção o que se passa no mundo. Desde que temos o cão, sou obrigada a manter a porta da cozinha fechada. Enquanto ele não aprende que os tapetes não são local para defecações e afins (e está difícil de aprender).
Por essa razão, e por ter um ouvido estrábico (como lhe apelida o meu grande amigo J.), não posso ter a televisão ligada. Isso deixa-me completamente absorta do que se passa no resto da casa. Os miúdos podem gritar por mim que eu não oiço. E quando eu digo gritar, é ao ponto de todo o prédio ouvir, menos eu. Podem tocar à porta (e pode ser um gatuno), que eu não oiço. Pode algum deles cair na banheira ( e partir uma perna), que eu não oiço. Podem discutir os dois, uma daquelas discussões feias em que tenho de intervir (com direito a troca de biqueiradas nas canelas), e eu não oiço. Podem acontecer milhentas desgraças nas restantes assoalhadas deste nosso castelo,  se eu estiver com a porta da cozinha fechada e televisão ligada, não oiço. Tudo isto devido ao cão (ainda porcalhão). E devido ao meu ouvido estrábico (sim, gosto do termo, porque continuo a afirmar convictamente que  não sou surda, ok?).




terça-feira, 25 de março de 2014

Exploração infantil, parte II

O refilão lá do reino hoje na escola (e acabo de receber esta informação via e-mail, da diretora de turma, que no fundo - e é a sorte dele - também lhe deve achar alguma graça):
 
Bom dia mãe,
Ora cá vai a pergunta do dia: "D.T, música é importante??"
Ora pretendia explicar o que veio a seguir, "eu não estudei quase nada, não acho importante :)))"
 
Conclusão a que chego :
Ora se achas que estas a ser explorado , reivindica, e pode ser que chegues a algum lado. Ou não.
 
 

Exploração infantil



O refilão lá do reino ontem:

"mãe, sabes que as crianças no séc. XIX eram exploradas? Sabes disso, não sabes? Sabes que nós também vamos aparecer na história, daqui a uns anos? Sabes? É que nós também somos explorados. Não há semana nenhuma, nenhuma, ouviste bem, em que nós não tenhamos um teste. Nenhuma."


Tenho dias que (quase) sinto o mesmo...




segunda-feira, 24 de março de 2014

Apanhado com a amante

Sexta- Feira, almoçava eu com duas amigas, e recebo a seguinte mensagem escrita, da senhora minha mãe:
"o Ti Quim foi apanhado com a amante".
Ok. Pára tudo. Partilho esta informação com as minhas amigas. Começo a pensar no Ti Quim, e na idade que terá. Pois bem. É só o irmão mais velho do meu pai. E o meu pai anda na casa dos sessenta e tais. Neste momento, não sei precisar os tais. Mas são muitos tais. Talvez mesmo perto dos setenta. Vai daí, o Ti Quim tem de estar nos setenta obrigatoriamente. O acrescentar deste facto ao enredo deixa-nos a todas com um súbito misto de  curiosidade e malvadez.
Pergunto à senhora minha mãe, também por mensagem escrita, como, onde, porquê (mas o Ti Quim tem uma amante??)
Senhora minha mãe, que queria era dois dedos de conversa, ainda me respondeu que tinham sido apanhados no carro, mas perante a minha insistência de pormenores que animavam o nosso almoço, acabou de certa forma a mandar-me dar uma volta ao bilhar grande. Escrever mensagens já é uma novidade, fazer disso uma troca acesa de conversa, já são outros quinhentos (e estes quinhentos não são de todo a sua praia). 
Como a razão que nos levava a almoçar juntas eram também outros quinhentos, que não a malandrice do Ti Quim, entendi por bem deixar a trica/fofoca para outra hora mais oportuna.
Acabado o almoço, e antes de seguir cada uma à sua vida (trabalho), pedem-me as amigas que as vá mantendo ao corrente deste tão importante episódio que é não mais do que a  descoberta infidelidade do Ti Quim lá da aldeia.
Feito o dia laboral, lá fiz o meu papel de sobrinha preocupada/coscuvilheira, e senhora minha mãe colocou-me ao corrente de todos os pormenores de tão falada história.
E porque mensagens são a minha praia, resolvi fazer o relato que se segue às comparsas do almoço:

Minhas queridas amigas, bem sei que estiveram todo o dia ansiosamente à espera das ultimas novidades do caso Ti Quim. Pois bem, fiquem sabendo que o Ti Quim é homem para 75 anos. Setenta e cinco, perceberam bem? Eu se fosse gajo, e tendo em conta que fui buscar muito de mim àquele lado da família, podia viver na esperança que saindo ao Ti Quim, aos setenta e cinco anos tinha ainda força na rebébébeu pardais ao ninho . Como sou gaja, resta-me a esperança de aos setenta e cinco ainda cá estar, viva e de saúde para levar com a ... rebébébeu pardais ao ninho. A esta altura já me questiono se vou mesmo enviar esta mensagem, não vão vocês de fim de semana, chocadas com a linguagem, mas assim comá'ssim, sendo sexta, pode ser que o vosso cérebro já esteja a carburar mais lento, mais lento do que a coisa do Ti Quim, e nem se apercebam do que para aqui escrevi. Mas voltando ao que interessa, pelo que parece, o Ti Quim foi visto por um homem, a prevaricar dentro do carro. E pelo que parece, o dito homem que viu a cena, contou a mil e quinhentas pessoas, pedindo segredo a todas, chegando a notícia fresquinha e direitinha a Lisboa, enquanto o diabo esfregou um olho. Ao que parece também, o dito Chibo, viu a cena, fingiu não ter visto, e deixou-os continuar o belo serviço, que isto não se devem interromper estas questões aos setenta e cinco anos de idade, não vá o Quim ter um ataque cardíaco. Não perguntei à senhora minha mãe que dito serviço estariam a fazer. Não me pareceu de bom tom, tendo em conta que é minha mãe. Deixei portanto ao critério da minha imaginação as acrobacias da Ermelinda (a amante) porque sendo ela quinze anos mais nova, terá na certa mais agilidade para se contorcer dentro de um carro.

E pronto. A resposta das comparsas não é para aqui chamada, que para ordinarice, já basta a minha. Tendo em conta que quando nos conhecem, nos torna a escrita limitada, já me estiquei comó caraças. Tendo em conta que estou na esperança que a minha filha não leia isto, porque já começa a achar uma grande seca (ufa) , ainda tive o cuidado de substituir "verga" por rebébébeu pardais ao ninho. Tendo em conta isto tudo, este foi o post mais parvo e idiota que alguma vez escrevi. Não obstante, o tom do mesmo, não invalida a minha reprovação quanto à conduta do Ti Quim (porra homem, com setenta e cinco e ainda sem juízo???).



Esta sim, a oficial

Um mês depois da decisão oficial (sim, esta mesmo ) , a principesca lá do reino quase que me arrastou para a concretização da mesma.
Ontem acordou cheia de pica. "mãe, vamos à nossa caminhada?". Não tinha grandes desculpas. O irmão tinha ido dormir a casa de um amigo, ele que não fica sozinho em casa, e não embarca nestas andanças, que desporto já ele faz com fartura. Abri o cortinado, e espreitei lá para fora. "deve estar frescote..." atirei, na esperança que fosse motivo suficiente para a demover de tal ideia estapafúrdia naquela manhã de domingo que se adivinhava de relax.
Não me respondeu, e dez minutos depois apareceu-me já equipada. Vestia as (nossas) leggings mais confortáveis, o meu casaco de desporto (que uso mais em casa, do que propriamente no inexistente desporto), os meus nike air (dos quais se apoderou, assim que alcançou o meu número de pé, e foram menos uns que tive de comprar, já que o uso que lhes dou, é quase nulo).
Ainda tentei a desculpa dos ténis (que não tinha) para ficar em casa, mas ela lembrou-se dos outros nike, que comprei um dia em moçambique, que não são air (essa modernice ainda não tinha lá chegado), mas que haviam de estar por ali guardados, novinhos em folha, à minha espera.
Saímos as duas. Quinhentos metros depois, já eu arfava como se tivesse corrido meia maratona, e ela arrancou a correr que nem uma gazela. Não me atrevi a tamanha aventura. Pensei nos cigarros diários, aliados à asma crónica, nos meus pulmões completamente afanados, e na burrice que cometo deliberadamente. Tenho de tomar a decisão. E cumprir. À séria.
Caminhei em passo acelerado, vi-a afastar-se cada vez. Os músculos cada vez mais doridos, cada vez mais a certeza de que tenho de fazer disto um hábito.
Primeiro dia, primeira etapa. Eu, cinco km. Ela, oito.
A sensação boa do exercício feito. O acordar hoje a necessitar (quase) de um guindaste.
A certeza de que vou continuar.
 
 

sexta-feira, 21 de março de 2014

Buéda díficil.

E o início do fim de semana começa assim.
O exame intermédio de matemática correu "mais ou menos mal" à princesa. Mais ou menos mal, significa mais mal, que bem. O que me me leva a mentalizar-me com antecedência para uma nota menos simpática, mas na esperança que não seja negativa.
O teste de português do príncipe era "buéda difícil, buéda lixado", o que significa que não lhe correu bem. O que me leva a mentalizar-me com antecedência para uma nota satisfatória.
Em caso de más notícias, vou ficar triste, mas não me vou chatear. Esforçaram-se os dois. E quando há esforço, mesmo que o objectivo não tenha sido alcançado, não me zango. Foi o caso. Ela fartou-se de estudar. Ele, que nunca estuda para português porque "não é preciso", desta vez preocupou-se e pediu ajuda à irmã. Porque perante o meu esquecimento e as novidades recentes na arte gramatical, eu já não consigo ajudar o miúdo. E não fosse o corretor automático, nem com o novo acordo ortográfico me safava...
E o início do fim de semana começa assim.
Chuvoso, e a prever más notícias escolares.
Às vezes é assim. Buéda difícil. Buéda lixado.
Para a próxima será melhor. Esperamos.


E é isto.

A princesa deste reino está neste momento a fazer exame intermédio de matemática.
O príncipe deste reino está a fazer,  teste de português (só gramática).
A rainha deste reino está de coração apertado (principalmente pela princesa), por não saber como lhes correu, ou como lhes estará a correr (que pelas minhas contas, já devia ter terminado, e ninguém me liga).
E neste momento, é isto.

 

quarta-feira, 19 de março de 2014

Banho versus Duche

Os banhos cá deste reino há muito que passaram a ser um ato individualista e não controlado. Cada um toma o seu banho, o dela controlado em termos de tempo (pode chegar a durar uma hora, se eu não der uns gritos que a água e o gás custam dinheiro), o dele é em regra obrigado (mas eu tomei banho ontem!), e muito rápido. Rápido de mais.
Esta semana, comentava a minha mãe que tem uma amiga com um filho na idade da minha, e que o miúdo, embora tome banho todos os dias, cheira mal e traz o cabelo sujo, porque com toda a certeza só se passa por água. Resposta imediata do meu rapaz que ouvia a conversa : então, mas isso é um duche!
Está explicado. Gel de banho e champô são para banhos de imersão. O chamado duche rápido é apenas e só com...água.
E quando me queixo que ele emana de quando em vez um intenso cheiro a lixivia, ele contrapõe que tomou duche. Ah, pois tomou. Mas o cheirinho a cloro ficou lá todo. Não fosse o desinfetante da piscina, e as cinco vezes de natação semanais, e o puto cheirava mal na certa.
Olhando para o lado positivo da questão: o que ela gasta em água e gás, ele poupa em produtos de higiene.
 
 

Laços de sangue, Laços de amor

Hoje é dia do pai.
O meu filho perguntou-me ontem (quase em jeito de afirmação) "tu não amas o teu pai, pois não?". Estive alguns segundos para lhe conseguir responder, e depois acabei por lhe dizer que não o amo da mesma forma que ele ama o dele, porque o meu pai também não me ama da mesma forma que o pai deles os ama a eles. Há muitas formas de amor, e na verdade não sei de que forma amo o meu pai. Um pai que nunca foi pai na verdadeira aceção da palavra, mas que não deixa de ser o meu pai. Um pai que não vejo, e com quem falo (quase sempre por iniciativa minha) uma ou duas vezes por ano. Um pai que nunca foi avô, e que viu o neto pela segunda vez quando este tinha sete anos e demonstrou curiosidade aliada a alguma tristeza, pelo facto de ter preenchido a sua arvore genealógica  na escola, e não se lembrar do nome do avô materno, porque não o conhecia. Promovi esse encontro, não deixando de lhes dizer que o facto de verem o avô não significava que o iriam ver muitas vezes a partir desse dia. E assim foi.
Eles sabem que têm um avô, e o avô sabe que tem três netos.
Não há laços que os una, a não ser o laço de sangue.  
Eu sei que tenho um pai, e ele sabe que tem duas filhas.
Não há muitos laços que nos unam, a não ser o laço de sangue.
Não vivo atormentada com esta inexistência de relação paterna, não guardo rancores. Guardo alguma mágoa pelos meus filhos porque gostaria de lhes ter dado um verdadeiro avô. Ele que nunca foi um verdadeiro pai, e que também não conseguiu (nem consegue) ser um verdadeiro avô. Guardo comigo a certeza de que há diversas formas de amar, e de que de alguma forma amo o meu pai, embora não guarde essa certeza relativamente ao amor inverso.
Hoje é dia do pai. É o dia do pai dos meus filhos. Ele sim, um pai (com laços de sangue, e laços de muito amor).

terça-feira, 18 de março de 2014

É amanhã. Aposto que não se lembraram. Ainda.

De passagem no facebook, percebi que amanhã é dia do pai. Não me lembrava.
E os meus filhos ter-se-ão esquecido?
Mais essa.
E eu é que tenho de pensar (e fazer) tudo?

Ela, com aquele tamanhão, já não faz nada na escola como oferenda.
E ele, nem uma palavra sobre o assunto.
O que é mau sinal.
Vai sobrar para mim, na certa.

Refilagron - o medicamento não inventado (ainda)

Estou a ter algumas dificuldades em controlar o refílice do meu pequeno príncipe. Não sei que faça ao miúdo. Era muito mais fácil se houvesse por aí uns comprimidos milagrosos, tipo "refilagron". 
 
Refilagron, o melhor medicamento indicado para controlar os sintomas de refilanço agudo ou crónico. Um comprimido ao pequeno almoço, e os sintomas de refilar desaparecem. Sem efeitos secundários. Para mais informações, consulte o seu médico ou farmacêutico.
 
E era tão bom vê-lo parar de refilar. Refilar com o jantar. Refilar com a hora de ir para a cama. Refilar porque foi de manhã com o cão à rua, à tarde já não é a vez dele. Refilar porque tem três testes, mas está tudo controlado, e estudamos mais daqui a bocadinho. Refilar porque não há nada de jeito para comer nesta casa (entenda-se bolachas).
 
O pior:  sem Refilagron, os sintomas estão a avançar para a escola. Já tenho queixas da diretora de turma de que o rapazola até já refila com os professores (alguns). Porque a matéria é muita, porque é difícil, e porque no fundo, para ele, a vida é muito injusta.
 
Na semana passada, trouxe recado na caderneta. Uma caderneta novinha em folha, porque afinal a outra , a dele, nunca mais apareceu, e antes que o caso desse mesmo para o torto, requisitou uma nova (que é como quem diz, comprou - a cobrar na próxima fatura). O recado não era nada de novo. Distraído, a trabalhar abaixo das suas capacidades.
Levou sermão. Refilou. Não percebe porque têm esta ideia dele. Ele, que não fala com ninguém. Que está sempre, mas sempre atento.
Por lapso meu, a malfadada caderneta não foi no dia seguinte para a escola, devidamente assinada. Perante o pedido da professora em ver se o recado tinha chegado ao destino, o rapaz respondeu que tinha, pois claro que tinha. Até porque lá em casa não temos o hábito de esconder nada uns aos outros.
Confrontei-o com esta resposta. E com outras.
Refilou. Mas afinal agora tu és amiga da minha professora? Não gosto nada dessas amizades. Uma pessoa já nem se pode sentir à vontade na escola? Que é como quem diz, refilar à vontade.
Algum laboratório que os faça? Refilagron ?
 
 
 

Dou graças

E os dias passam.
A correr.
É a correr que me levanto e preparo as lancheiras deles. Almoço (que deixo já feito de véspera, não fosse assim, e enlouquecia), prato, talher, lanchinho da manhã, lanche da tarde, fruta (que por norma regressa a casa, não intacta, mas muito mais madura), e entretanto ela, a rapariga, já rodopia entre o quarto dela, e o meu, para mais um vislumbre no espelho e a confirmação de que está tudo no sítio, as cores combinam, os ténis estão velhos, e a precisar de uns novos (não obstante o armário cheio), as calças estão largas (porque eu as alarguei - é a desculpa do dia, agora) e a precisar de umas novas, e é no meio desta adiantada azáfama que ele, o rapaz, se levanta, se veste, prepara a sua mochila, leva o cão à rua, chegando sempre com a má notícia "não fez nada", come e se senta à espera de sair de casa.
É no meio desta azáfama que constato que o stock de lanches acabou, não há leites com chocolate, nem iogurtes, nem croissants, nem mais nada, e que o papel higiénico também parece que se evaporou, e recorremos aos guardanapos de papel que também estão a acabar, e peço um rolo à vizinha (nada como ter uma BFF a viver mesmo ali), e penso que hoje sem falta, tenho de passar no supermercado.
Antes de sair de casa, e porque a BFF me fez (mais uma vez) o favor de os levar à escola, faço as camas, arrumo pijamas largados no chão, coloco a roupa suja do dia anterior na tulha, decido estender a roupa que deixei a lavar durante a noite, mas antes apanho a que está seca desde ante ontem. Olho para o cesto da roupa passada, também de ante ontem, e decido arruma-la. À noite hei-de precisar do cesto vazio, porque decido que com a que apanhei, mais a que estendi e que vai estar seca logo, o monte não vai caber na lavandaria e há que dar cabo dele rapidamente.
E meio da manhã passou a correr.
Saio de casa.
A correr.
Está sol, já me sinto cansada, e penso no tempo das vacas gordas, em que não tinha de me preocupar em ser (quase) cem por cento fada do lar, porque chegava a casa, e tinha tudo imaculadamente feito. Mas está sol, e dou graças por não ter de cumprir horários, porque em tempo de vacas magras, não fosse assim, e não sei em que estado estaria aquela casa.
Chego ao escritório.
A correr. 
Penso no que tenho para fazer e que dia é hoje. Não posso sair tarde, porque hoje é dia de futebol e de explicação, e lembro-me que a tarefa do pai, que é ir buscar, hoje está por minha conta.
Penso que não sei onde vou encaixar o supermercado no dia de hoje, lembro-me que não deixei nada para fazer para o jantar, que vou chegar perto das nove da noite a casa, e que uns frangos assados podem ser solução. Penso que ela vai ter exame intermédio de matemática, e que as explicações se vão estender pelo resto da semana, que ele vai ter três testes , e que me vai pedir ajuda, e que o monte da roupa se vai acumular. Penso que no meio disto tudo não tenho tido tempo de educar um cão criançola e porcalhão, e que a minha casa já começa a cheirar ao bicho, e penso que está sol e me apetece descontrair. Penso que falta ainda algum tempo para férias, e que até lá, tenho de dar graças pelo sol (tão bom para secar roupa...), e tenho de conseguir fazer tudo, (se possível) com boa disposição, mesmo que seja a correr.
A correr, dou graças.
 
 
 

terça-feira, 11 de março de 2014

Sabes que estás a ficar mais velha... III

Sabes que estás a ficar (mais) velha, quando a tua família chegada começa a partir de velhice.
E hoje partiu (mais) um tio avô. Já me restam poucos, e eram muitos, que naquela época (e apesar da crise - essa eterna malvada) no mundo em que viviam não havia planeamento familiar e os filhos eram  (muitas vezes) vistos  como mais um par de mãos para trabalhar (assim me conta o meu avô, nascido no meio rural, há quase um século).  
Hoje perdi mais um tio avô. Daqueles chegados, chegados à alma, chegados ao coração. O tio que me viu crescer, e que eu  vi envelhecer. O tio que me viu crescer, mas que há muito  não me via a mim envelhecer também. Não me reconhecia como sua sobrinha, e há muito que  me cumprimentava como se da primeira vez se tratasse. Foi tomado por esse cabrão do Alzheimer, deixando para trás uma vida de memórias.
Hoje perdi o tio avô. Tenho em mim que estará neste momento na companhia da minha avó, e que estarão a pôr a conversa em dia, quiçá numa acesa discórdia, como era seu apanágio. Tenho em mim que estará com a minha avó, e por isso tenho em mim que estará bem.
Sabes que estás a ficar (mais) velha quando o teu castelo de histórias antigas, de memórias passadas,  começa a ficar empobrecido.
Hoje perdi o tio avô. E hoje o meu castelo ficou mais pobre.
  

A nossa SELFIE (yééé)

No domingo, andava eu a passear por estes blogues fora, à descoberta de um novo recanto aqui e ali, uns mais agradáveis à vista que outros, uns de "encher chouriços" (como o meu), outros com muito mais substrato , uns em que me deixei ficar por largos minutos, outros em que apenas um breve vislumbre me fizeram continuar caminho, por outros blogues fora.
Dos que me fizeram parar, sentar, e ficar a admirar a paisagem algum tempo, foi o da Uva. Uma Uva passada, mas com uma escrita que me agradou (se eu fosse gajo, teria ficado fixada na sua imagem de perfil, mas como sou gaja, foi mesmo o conteúdo expressivo ) e a quem sem demoras dei a honra de me tornar fiel seguidora.
Alguns minutos depois, a Uva, (aparentemente) novata nestas lides assim como eu, agradeceu publicamente o facto de ter chegado aos treze seguidores, que isto dos blogues não é por dá cá esta palha que se angariam leitores assíduos. E vai daí, enaltecendo tamanho feito, pública esta SELFIE fabulosa.
Eu, que à data contava apenas com quatro singelos seguidores  e como forma de recíproco agradecimento por ver publicada uma foto da minha pessoa (embora um bocado enrugada o que contrasta com a minha pele ainda lisa e quase sem rugas), disse-lhe que quando atingisse esse fantástico número, faria também a homenagem de igual forma.
Dois dias depois (e ultrapassando todas as expectativas que havia depositado no alcance deste maravilhoso número), aqui está ela.
 
 
A todas as ervilhas (ou rainhas, como queiram) que me seguem, o meu muito obrigadinha.
 
(estamos com um ar ligeiramente suado. mas quase tudo na vida é conseguido com suor - e eu que quase nem transpiro...- ou podemos sempre dizer que acabámos de fazer uma maratona, tão em voga nos dias que correm - e eu que não posso com uma gata pelo rabo, e se dou três passos corridos agarro-me logo ao ventilan com um ataque de asma - e é por isso que tal como se pode verificar, estamos boas comó milho - em versão verde ervilha, claro.)
 

segunda-feira, 10 de março de 2014

Tem dias que é difícil

 
 
Hoje, no cimo dos meus (recém chegados) trinta e nove anos  (39????), consigo admitir que as mães são muito sábias. Por muito que às vezes me incomodem as opiniões (ou premonições) da minha progenitora, mais cedo ou mais tarde acabo por vir (quase sempre) a dar-lhe razão.
E isto tende a ser hereditário, por isso, filhota, se me lês, dá-me já ouvidos bem cedo. A mãe tem sempre razão. Ouviste? Sempre.
 
(bolas, que isto de ser mãe tem dias que é difícil)

Páginas soltas #1




Onde estavam eles?
Ela lembrava-se de os ter. Não há muito tempo. Sabia que não tinha sido há tanto tempo assim. E no entanto, essa lembrança parecia-lhe agora extremamente longínqua.
Onde estavam eles?
Para onde tinham ido, e como conseguia agora viver sem eles?
Viver? Seria viver esta existência com se deparava nos últimos meses (anos?) da sua vida? Olhando para trás, avaliando os dias, as semanas, os meses (os anos?), não tinha a certeza se lhe poderia chamar viver, ou apenas sobreviver.
Onde estavam eles?
Aqueles que outrora lhe alimentavam as horas, os dias, as semanas, os meses, os anos. Aqueles que a faziam caminhar, um passo atrás do outro, muitas vezes numa corrida desenfreada, muitas vezes num passo mais lento, mas que a faziam caminhar. Em direção a qualquer coisa.
Onde estavam eles?
Eles, que a acompanharam sempre, desde tenra idade, ao longo dos dias, das semanas, dos meses e dos anos. Sempre. Longe de imaginar(em) que algum dia o abandono seria iminente.
Quando, em que altura isto aconteceu? Não sabia. Teria sido um processo gradual? Teria sido repentino, abrupto? Não sabia.
A vida tornara-se madrasta ou teria sido ela que inconscientemente se teria deixado  aperfilhar?
Esta vida, que ela não conduzia para se deixar conduzir.
Os projetos, os objetivos, os desejos, os planos?
Os sonhos?
Onde estavam eles?

domingo, 9 de março de 2014

A arte de bem ruminar



Nos domingos em que não estou com os meus filhos transformo-me num animal ruminante. As semelhanças são muitas. A ver:

Os ruminantes são mamíferos artiodáctilos que têm um aparelho digestivo complexo, com três ou quatro câmaras, adaptado à ruminação. Àquilo que eu ingiro, o meu tem obrigatoriamente que ter todas estas câmaras...Regurgitam e voltam a mastigar o alimento depois de o terem engolido. Bom, isto eu não faço. Eu cá mastigo e engulo, digiro, e expulso no dia seguinte.  Alimentam-se enchendo um dos compartimentos - denominado pança ou bandulho - Ora cá está. Já dizia a minha avózinha, vamos lá encher o bandulho. Que é o que eu tenho feito todo o santo dia. De modos a ficar com uma pança a modos que dilatada. 
Os ruminantes verdadeiros apresentam normalmente cornos ou hastes, pelo menos os machos. Ufa. Não sou macho. Sou fêmea. Rumino, e não tenho cornos nem hastes. E com sorte, emagreço durante a semana aquilo que vou engordar este domingo. 

sábado, 8 de março de 2014

Reposta a verdade

A propósito do que escrevi aqui, a minha BFF ficou um bocado zangada, porque parece que lhe estava a denegrir a imagem no que diz respeito à sua arte de bem cozinhar. Não estava. Estava sim a elogiar o seu arroz (empapado para os meus filhos) e o seu esparguete (muito cozido para os meus filhos), duas iguarias que cozinha de forma diferente da minha, mas que as minhas crias adoram. 
Assim BFF,  e porque estás a cozinhar neste momento para todos nós, e antes que te decidas a colocar uns pózinhos de perlim pim pim no meu prato, que me dêem um desarranjo intestinal daqueles de caixão à cova, como forma e vingança, que fique bem claro :

(entoação da música "ele é um bom companheiro")

A BFF é uma boa cozinheira,
a BFF é uma boa cozinheira,
a BFF é uma boa cozinheiraaaaaaaaaaaaaaaaa,
Ninguém pode negar!!


sexta-feira, 7 de março de 2014

Há mães um bocado loucas

Email do diretor de turma da minha filha, acabadinho de chegar :
 
Exmo/a Senhor/a Encarregado/a de Educação
Informo que até à presente data, o seu/sua educando/a ainda não trouxe o comprovativo da receção das informações intercalares.
Peço que me envie até terça feira dia 11 de março o respetivo comprovativo ou, caso já não o tenha por algum motivo, que me envie um mail onde referencie que teve conhecimento dessas informações.
Obrigado
 
Meu email de resposta acabadinho de enviar :
 
Caro Prof ,

Se até à presente data o referido comprovativo da receção das informações intercalares  não lhe foi entregue devidamente assinado por mim, deve-se (com toda a certeza) única e exclusivamente ao facto de a minha educanda (assim como o meu educando) sofrerem deste mal congénito que assola toda a sua família direta, a que eu denomino "completa desorganização com papéis". O facto de eu achar que este defeito os acompanha nos genes, não os desculpa a eles (nem à família direta) acerca deste facto. E neste seguimento, irei hoje questionar e repreender a minha educanda (pela milésima vez, desde que embarcou nesta viagem escolar - e já lá vão nove anos) acerca do paradeiro do referido comprovativo.
No entanto, serve este email para informar (caso o comprovativo não apareça, que é o que prevejo), que tive conhecimento das referidas informações intercalares.

Melhores cumprimentos.
 
E pronto. Julgo que a partir de hoje o professor irá olhar para a minha filha de forma diferente. Pelo menos com alguma comiseração pela mãe (louca) que lhe calhou.
 
 

quinta-feira, 6 de março de 2014

Ou é burro, ou é parvo. Ou as duas coisas.

O nosso cão é burro. Só pode.
Ou então é parvo.
Ou é as duas coisas.
Continuamos com a saga das idas à rua, na expetativa de que aprenda que é ali o seu WC. E haverá melhor coisa do que defecar com o pêlo ao vento? Não. Não há. Pelo menos é o que tenho tentado incutir-lhe, mas o gajo não quer saber da minha conversa para nada.
E ontem para comemorar a chegada da primavera, resolveu dar um mergulho na piscina.

(hum... já corri e saltei tanto que até estou afogueado...)

 
( apesar da brisa fresca, esta água até convida a saltar...)

 


(um bocadinho de balanço, e iupiii, aqui vou eu!)

E pronto não há registo fotográfico do banho, porque nem ele, nem a princesa, ganharam para o susto.

Vá-se lá compreender os homens

 
Ter uma filha, significa vivermos constantemente com défice de roupa, défice de calçado, défice de acessórios, défice de bijuteria, (e agora que a miúda está crescida) défice de maquilhagem. Vivemos diariamente este drama, apesar dos roupeiros denotarem exatamente o contrário. Mas isto deve ser uma doença congénita, que passou de mãe para filha, e ainda não descobri a cura para tal maleita. É comum ficarmos pelo menos dez minutos da nossa manhã (dez minutos preciosos que nos custam posteriormente uma corrida desenfreada para não haver atrasos) a olhar para o roupeiro, e é também comum , eu ir dar uma olhadela no roupeiro dela, e ela ir dar uma olhadela no meu roupeiro, em busca da toilette perfeita, e bufarmos as duas ao mesmo tempo "não tenho nada para vestir".
Ter um filho, significa ter um estilo de roupa, que no caso do meu, não é mais do que abolir certas peças a que apelida de queques e que por muito que eu insista, não veste. Significa ter meia dúzia de pares de calças de ganga, uma mão cheia de camisolas e t-shirts, e um par de ténis apenas.
Ter uma filha, significa ir às compras, levar vinte peças para o provador, e ter de a obrigar a escolher apenas duas.
Ter um filho, significa arrastá-lo para fazer compras, ouvi-lo reclamar constantemente, pedir-lhe que experimente uns ténis pois os seus estão já em péssimo estado, ele experimentar uns ténis, eu querer comprar-lhe os ténis,  ele dizer que não são tão confortáveis quanto os que traz calçados, levantar-se e dizer "vamos embora, não quero uns ténis novos".
Vá-se lá compreender os homens. Raça!

quarta-feira, 5 de março de 2014

A galinha da vizinha, é sempre melhor do que a minha

 
Aprendi de há uns anos a esta parte, que o ditado "a galinha da vizinha é sempre melhor do que a minha" encaixa aos meus filhos, que nem uma luva.
O que me deixa de certa forma irritada, mas com a esperança de que seja apenas uma fase. Não os tenho como umas crianças (ops, adolescentes, perdão) invejosas, mas no que concerne aos cozinhados das mães dos outros, ai, essas sim, cozinham bem. E eu, que (modéstia à parte) nem cozinho mal, e em regra recebo sempre grandes elogios quando preparo iguarias para terceiros. Mas, a realidade entre portas, é outra. Não gostam do meu arroz ( arroz solto), mas adoram o da minha BFF ,mãe das suas BFF's (arroz empapado). Não gostam do meu esparguete (al dente), mas adoram o da minha BFF (muito cozido). Por outro lado, e para animar as hostes, este deve ser um mal comum, pois as filhas da BFF preferem o meu arroz solto, e o meu esparguete al dente. E no outro dia foram todas dormir a casa de uma amiga, e vinham maravilhadas com o puré de batata que a mãe da amiga fez. Vim a saber mais tarde que era do pingo doce. Congelado. Coisa que só por acaso já fiz por diversas vezes cá em casa, quando não há tempo para descascar e cozer batatas. Mas o da "vizinha" era melhor que o meu, pois 'tá claro. 
Este fim de semana foram os dois dormir a casa de amigos (em separado. cada um com os seus, que isto de terem três anos de diferença e serem de sexos diferentes, não há cá misturas). Ela vinha maravilhada com o pequeno almoço com que foram banqueteadas. Panquecas, doces, torradas. (e será que já se esqueceu que já o fiz por diversas vezes, e que para além das torradas, das panquecas, e dos doces, também fiz ovos mexidos, bacon, sumo de laranja natural, um autentico pequeno almoço de hotel, que ia enlouquecendo para servir dez miúdas esfomeadas???).
Ele, fez uma cara de enjoado quando lhe perguntei o que tinha almoçado e jantado. Salsichas (vegetarianas) de jardineira, e lasanha com tomate e beringela. Dois pratos de fome (disse ele), acompanhados da desculpa "não estou com muito apetite".
Pelo menos desta vez, com ele,  ficou um-zero. E ganhei eu.