terça-feira, 22 de abril de 2014

Desafios superados

 
 
Programar esta viagem, implicava pelos menos três desafios. O primeiro, seria arranjar hospedaria para o cão. Este cão, tão cachorro ainda, tão traquina ainda, tão porco ainda, tão mal ensinado ainda (e acima de tudo). Quase como um dado adquirido, informei a minha irmã que este desafio se lhe impunha pela frente. Quase como um dado adquirido, esta irmã informou-me que dadas todas as vertentes atrás descritas do cão, o desafio não iria com certeza ser superado, e seria provável, que a meio da curta estadia, o bicho fosse pernoitar a outras paragens. E foi.
O outro desafio, era sem duvida do meu filho. Este meu filho que tem medo de andar de avião, que fez mil e uma perguntas sobre os possíveis acidentes do mesmo, que quase não dormiu de véspera, que caminhou por aquele aeroporto sempre agarrado a mim (ele que é pouco disso), que o vi bichanar, baixinho, em direção à porta de embarque, e que percebi que rezava. Que apertou ao máximo o cinto de segurança, que ouviu com toda a atenção o vídeo de segurança, que me informou por fim que caso as máscaras de oxigénio se soltassem, eu teria de a colocar primeiro a mim, e só depois o ajudaria a ele, que se benzeu quando o avião ganhou velocidade, que rezou dois pais nossos e três avés marias, enquanto segurava a minha mão com força, e o avião ganhava altitude.
Por ultimo, teríamos o desafio de visitar todas as "capelinhas" que o grupo tinha idealizado. O que não se avizinhava tarefa fácil. Viajar num grupo de nove pessoas (mesmo tendo os nossos  amigos como guias turísticos à espera), seria quase impossível satisfazer gregos e troianos, nesta aventura de tão curta estadia.
 
O balanço foi deveras positivo. O primeiro desafio não foi superado pela irmã, que resolveu abandonar a árdua tarefa de limpar os muitos xixis e cocós que o bicho fazia, já que, aparentemente por se sentir abandonado numa casa estranha, deve ter tido uma crise nervosa que despoletou  um belo de um desarranjo intestinal. Assim, foi passar uns dias de férias com a avó, a casa do bisavô na aldeia, onde correu e saltou  (e cagou e mijou) ao ar livre, tendo regressado a casa, talvez com uma melhor noção de que o number one, e o number two são para fazer na rua (e digo talvez, porque embora já tenhamos denotado alguma melhoria na questão, ainda não se pode dizer esta seja definitiva). Para além disto, deve ter gasto todas as energias que tinha (e as que não tinha), porque pela primeira vez se deitou connosco no sofá, sossegado,  o que fez o deleito de todos.
O segundo desafio também me parece que foi francamente positivo. Na viagem de regresso, já só fez um ou outro comentário acerca do medo sentia apoderar-se dele, enquanto procurávamos a porta de embarque. Chegados ao avião, preferiu a companhia da amiga ao seu lado, sendo que eu fui recambiada para o banco ao lado, benzeu-se, rezou, mas sem o ar de pânico ou a aflição que lhe tinha visto na ida.
Quanto ao terceiro desafio, foi sem duvida aquém do esperado . Graças aos nossos amigos (guias fabulosos), que com muita paciência (e uns dias de férias gastos à nossa conta), nos levaram a conhecer tudo o que havíamos planeado, palmilhando também eles aquela londres de lés a lés. Ficou por conhecer o   palácio de Buckingham. Que é como ir a Roma e não ver o Papa ( e quantas pessoas o vêm?). Mas esse, o palácio, foi assim quase de propósito. Quase como que uma desculpa obrigatória para lá voltarmos em breve.

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